Revista de Jornalismo ESPM

54 JULHO | DEZEMBRO 2020 seguir recursos para ter mais jorna- lismo sobre a Amazônia”, diz Watts. Efoi assimque, juntocomoutroscor- respondentesestrangeirosnoBrasil – como Simon Romero ( The NewYork Times ) e Thomas Fischerman ( Die Zeit )–eosjornalistasbrasileirosEliane Brum,DanielaChiaretti( ValorEconô- mico )eFabianoMaisonnave( Folhade S.Paulo ),Wattspropôsacriaçãodesse fundo.Aideia,meiovaga,foitomando forma nas discussões desse grupo de jornalistas, alguns dos mais relevan- tes do mundo na cobertura da Ama- zônia,entre2012e2014.Nacriaçãodo projeto, eles desenharam tudo, estu- daramos fundos, as regraseoqueera importanteparagarantirindependên- ciaeminimizarriscosnacoberturade uma regiãodifícil, violentae sensível. SabendoqueogovernodaNoruega tinhaumgrandefundoparaaAmazô- nia,Wattsapostouemumpossívelinte- ressepelojornalismonaregião,eassim chegouaosresponsáveisdoNorwegian International Climate and Forest Ini- tiative (NICFI), que adorarama ideia eaprovaramumorçamentodeUS$5,5 milhõesparaumprojetodecincoanos, que poderia se expandir para outras florestas tropicais pelo mundo, como aBaciadoCongoeoSudesteAsiático. Osmembrosdogrupo,muitoativos emsuasfunçõesjornalísticas,propuse- ramentãoaoNICFIumparceiroque lidassecomodinheiro, aburocraciae aadministração.E,entretrêspossíveis organizações, escolheram o Pulitzer Center for Crisis Reporting. Assim, o RainforestJournalismFund(RJF)foi lançado informalmente durante um evento da ONU no Rio de Janeiro, e poucotempodepois, emsetembrode 2018,duranteaConferênciadoClima, emSãoFrancisco,nosEstadosUnidos. Coordenado inicialmentepela jorna- lista britânica Jan Rocha, correspon- dente que cobre a Amazônia desde o fimda década de 1960, por cinco dos fundadores, alémdeCamiloJiménez Santofimio (Colômbia) e Nelly Luna Amancio(fundadoradeOjoPúblico- Peru),ogrupoformaumcomitêedito- rialindependente,semrelaçãoempre- gatíciacomoPulitzerCenter. “Épre- cisoenfatizar a formadanossa estru- tura que é bastante incomum. Desde o início, o objetivo que tínhamos era que a tomada de decisão sobre opro- jeto não seria de umpaís estrangeiro rico ou de uma organização em um país estrangeiro rico. O fundo veio da Noruega, a administração veio do Pulitzer Center, mas, em termos dos projetos que gerenciamos, a decisão é tomada por nosso comitê de sete membros, emque quatro, portanto a maioria, estãonaAméricaLatina, tra- balhando para a mídia latino-ameri- cana”, explicaWatts, quepresideeste comitê.Os jornalistasestrangeirosdo comitê, por suaparte, trabalharamna Amazônia, o que ajuda a ter umbom níveldecompreensãodosprojetos,em termos de entender possíveis riscos para os repórteres e a viabilidade das pautas. A proposta é de garantir que hajaumprocessode tomadadedeci- são local sobreaescolhadosbolsistas. Ao fim do investimento de cinco anos, a RJF deve selecionarmais de 200 projetos originais, a maioria na Amazônia, uma oportunidade para meios independentes e jornalistas freelancers. Emmeio à pandemia do coronavírus, que expôs ainda mais a gravidade da situação ambiental no Brasil e na Amazônia, o RJF e o Pulitzer Center fizeram uma con- vocatória especial para estimular a participação demídias independen- tes da América do Sul que fizessem coberturas remotas junto às comu- nidades indígenas e povos das flo- restas. A resposta foi de 60 proje- tos, a maioria de brasileiros. Os processos de seleção não são fáceisnemnoRFJnememoutrospro- cessos de seleção que concedembol- sas para jornalistas, emgeral freelan- cers.Alémdeumapautabemfeita, os candidatos devempreencher formu- lários, conseguir cartas de recomen- dação e ter garantias de que os con- teúdos produzidos serão publicados. O projeto “Blog dos Jovens Cida- Emsetembro,aInfoAmazoniaeositevenezuelanoArmandoInfopublicaramasérieMercurio

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