Revista de Jornalismo ESPM
REVISTA DE JORNALISMO ESPM | CJR 57 dos expectadores que se formam.” Sobre a imprensa estrutural e comoela enfrenta apandemia, Serva disse que vivemos uma crise sistê- mica estrutural que já vinha avan- çando e a pandemia agravou muito aodiminuir ademandapor produtos físicos, o poder aquisitivo da popu- lação e, consequentemente, o con- sumo, principalmente de produtos jornalísticos. “No entanto, essa crise aumentouexponencialmente a audi- ência da indústria da comunicação e do jornalismo, particularmente do bomjornalismo, quechecaa informa- ção e produz amelhor informação.” Emsua opinião, a pandemia colocou emcrise aquele sistema desajustado e instável queestavaseestabelecendo nos últimos anos nasmídias sociais, entendida como a oportunidade de um comunicador isolado produzir jornalismo. “Esta janela se fechou ou foi reduzida, reforçando assim a qualidade do jornalismo checado que demanda a chamada indústria da notícia”, concluiu o professor. Atémesmoo jornalismoesportivo –que foi bastanteafetadocomas sus- pensõesde jogos, campeonatos inter- rompidos e o adiamento dos Jogos OlímpicosdeTóquiopara2021–con- seguiumarcar umgol de placa coma ajudada tecnologia, comodissePaulo Vinícius Coelho, o PVC. “No início, todos os profissionais ficaram pessi- mistas, preocupados com a paralisa- çãodos eventos esportivos.Mas con- versandocomAndréPlihal, daESPN, decidimos apostar na utilização das tecnologias para realizar programas on-line diretamente de nossas casas. O que vimos foi que é possível ir em segundos até o Japão e produzir um conteúdo extraordinário.” A formação da nova geração Em outro encontro virtual, o seminário promoveu uma discus- são sobre o ensino de práticas jor- nalísticas nas escolas durante a pan- demia. As professorasHeidyVargas (da ESPM) e Tatiana de Bruyn Fer- razTeixeira (daCásperLíbero), jun- tamente com o professor Vanderlei Dias de Souza (doMackenzie), par- ticiparamdamesa que tive o prazer demediar para discutir como a pan- demia afetou as aulas e quais adap- tações necessitaram ser feitas para que os alunos continuassem a pro- duzir jornalismo de suas casas. Na ocasião, a professora Tatiana Ferraz comentou que havia saído de uma aula em que os alunos estão aprendendo a fazer telejornalismo em casa. Para ela, este foi o grande desafio que os professores tiveram queenfrentar. “Inúmeros instrumen- tos estãodisponíveis para isso, como as ferramentas que reproduzemum switcher . Então, houveanecessidade de um aprendizado conjunto.” ParaTatiana, asaída foi usaracria- tividadeemtodosossetores,inclusive no jornalismo. Paraela, osalunosque nesteanoestãoestudando telejorna- lismo têma vantagemde ser pionei- rose testarmuitasmetodologiaspara produção de telejornal juntamente com os profissionais que estão há muito temponomercadoequeestão aprendendo também. “Então temos no mesmo período alunos e profis- sionais que, juntos, estão passando pela mesma experiência!” Heidy Vargas ressaltou que, con- trariando o temor inicial de que não daria certo, o semestre foi maravi- lhoso em termos de produção dos alunos, graças à tecnologia e à socie- dade em rede. “Todos estavam em casa, mas estavam juntos, conecta- dos, emrede, emumtrabalhocolabo- rativo, nummomento em que o jor- nalismo foi extremamente necessá- rioparaproduzirumaboaentrevista e gravar da melhor forma.” A professora Heidy Vargas des- tacou, ainda, que no Centro Expe- rimental de Jornalismo da ESPM (CEJor) todas as oficinas continua- ram com suas produções, nada dei- xou de funcionar. “Aprendemos a trabalhar na pandemia observando, testando, experimentando. Inclusive, colocamosnoarumtelejornalaovivo entreas trêsunidadesdaESPM(São Paulo,RiodeJaneiroePortoAlegre). Tivemos muitos ganhos com essa experiência, que nos permitiu atra- vessar fronteiras, pois tinha muita tecnologia disponível que não era utilizada até então.” O professor Vanderlei Dias de Souzatambémcomentousobreapro- duçãodotelejornal que foi feito junto com os alunos, com algum material quehaviasidogravadoanteriormente ecomosvídeosqueosalunosfizeram em casa, o que acabou dando muito certo. Para ele, foi umgrande apren- dizadoealgumasexperiênciasdevem ser incorporadas no jornalismo. Como Vanderlei ministra aulas também de rádio e de documentá- rio, necessitou adaptar essas dis- ciplinas para produção em casa. O professor disse ainda que pro- gramas de rádio foram feitos com gravações nas casas dos alunos. Para ele, os documentários chama- rambastante atenção pela criativi- dade, pois alguns alunos utilizaram material de rádio ou TV, outros saí- ram para gravar com todos os cui- dados necessários. Como exemplo, ele citou o documentário Sobrevi- vendo ao Coronavírus , feito por um casal de alunos que entrevistou 14 pessoas de países diferentes. “Um documentário só com depoimen- tos, que ficou muito bom, e que os alunos acabaram por fazer o segundo, da mesma forma.” ■ maria elisabete antonioli é coordenadora e professora do curso de jornalismo da ESPM-SP.
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