Revista de Jornalismo ESPM

REVISTA DE JORNALISMO ESPM | CJR 63 LIVRO O CÉU É O LIMITE PARA BOB WOODWARD QUANDODONALDTRUMPpare- cia rumar tranquilo para mais uma vitória nas urnas, quando o mundo não pensava em pan- demia e os Estados Unidos ain- da não conheciam o candida- to democrata que iria desafiar o magnata instalado na Casa Branca, BobWoodward já havia decidido lançar mais um livro. E a tradição se repetiu: mais uma vez, a reportagem de Woodward caiu como uma bomba no cenário político ame- ricano. Em 2021, certamente lançarámais umlivro, seja sobre a campanha eleitoral de 2020, a contagem dos votos ou sobre o início da próxima legislatura. E omundo vai falar novamentede sua nova reportagem. Em 2021, o repórter mais prestigiado dos Estados Uni- dos e provavelmente do mundo completará 78anos de vida e 50 de carreira no Washington Post . Em meio século na mesma atividade, ele cobriu nove pre- sidentes; foi responsável pela queda de um, Richard Nixon, em 1974, após o escândalo de Watergate; lançou 20 livros, en- tre os quais o clássico Todos os Emquase cincodécadas, Bob Woordward tem sido sempre apenas um repórter. Temmuito a ensinar aos dirigentes de em- presas jornalísticas sobre como é possível progredir na carreira, ganhando mais e tendo promo- ções sem deixar a atividade, di- ferentemente do que ocorre em muitas redações em que gran- des repórteres são transforma- dos em editores, apresentado- res, gestores etc. ■ Homens do Presidente (com o parceiro na descoberta de Wa- tergate, Carl Bernstein); este- ve 12 vezes no topo da lista de best-sellers dos Estados Unidos e ganhou diversos prêmios, en- tre os quais o maior de seu pa- ís para reportagens, o Pulitzer. Mas foi com Rage (no Brasil, Raiva , editora Todavia) que ele balançou o coreto da campanha de Donald Trump, quando reve- lou que o presidente sempre te- ve consciência da gravidade da Covid-19, mas preferiu portar- -se como negacionista, buscan- do umefeito político, que a esta altura parece surreal. Este foi seu segundo livro de impacto sobre a administração Trump. O primeiro, Fear ( Me- do , editora Todavia, 2018) con- ta como a equipe do presiden- te morria de medo dele e tenta- vapormétodos heterodoxos im- pedir que ele desse vazão a to- dos os seus impulsos no exercí- ciodopoder (comoesconder de- cretos que queria assinar ou fa- zê-lo esquecer ordens dadas). O livro traçao retratodeumtirano amalucado, controlado por arti- fícios frágeisde seus assistentes. DIVULGAÇÃO Amáquinadoódio:notas deumarepórtersobrefake newseviolênciadigital Patrícia Campos Mello – Cia. das Letras, 2020, 296 páginas nalidades do ano da revista Time – uma das mais impor- tantes honrarias da imprensa em todo o planeta, como par- te de um grupo de jornalistas perseguidos pelo exercício da profissão em diferentes paí- ses. Em 2020, Patrícia rece- beu o prêmio Maria Moors Ca- bot, da Faculdade de Jornalis- mo da Universidade Columbia (EUA), pelo conjunto de sua obra. Hoje, ela atua como re- pórter especial e colunista da Folha de S.Paulo e comenta- rista da TV Cultura. O relato das perseguições que sofreu ao longo da car- reira é um retrato que pode- ria perfeitamente estar na boca de um jornalista ale- mão ou italiano dos anos 1930, durante a consolidação do nazismo e do fascismo; ou de um russo dos anos 1920, quando o stalinismo domina- va o processo político sovié- tico. O que reforça a certeza de que as mídias sociais são um recurso, com objetivos e métodos semelhantes aos do totalitarismo. ■ DIVULGAÇÃO Raiva Bob Woodward, Editora Todavia Livros, 2020, 432 páginas NBC/ZUMA WIRE / FOTOARENA

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