Revista da ESPM JUL_AGO_SET 2020 web
JULHO/AGOSTO/SETEMBRODE 2020| REVISTADAESPM 13 ainda temgente no Brasil que compra pelo boleto e acha que vai receber esse boleto emcasa. Oproblema é que os players partem do pressuposto de que todo mundo que acessa um site sabe como comprar on-line. Você não encontra um tutorial que fale sobre isso para aquela pessoa que nunca fez uma compra pela internet. Não é por acaso que a taxa média de conversão das lojas virtuais é de apenas 2%. Ain- da temosmuito a fazer! Revista da ESPM — O que acontece com os 98% de internautas que nave- gam pelos sites de e-commerce, mas vão embora sem concluir a compra? Santos — As pessoas não concluem a compra por inúmeros fatores, que vão desde o medo de ter o cartão clo- nado até conexão de internet ruim. O que não entendo é por que não há uma provocação, um movimento do próprio mercado para entender como lidar com esse público que desiste an- tes de finalizar a compra. O sistema de uma loja virtual é completo e per- feito para quem já está acostumado a comprar pela internet. Mas aquele que vai fazer a sua primeira compra não encontra ummaterial simples de como isso pode ser feito, explicando desde como preencher o cadastro de forma correta até como utilizar os cupons de desconto. As empresas precisam entender que no varejo on-line a relação é só entre o compu- tador e consumidor — que deixa de ter qualquer tipo de bloqueio para entrar em uma loja virtual, comportamento totalmente diferente do que acontece em uma loja física. Um bom exemplo disso acontece com o público da ter- ceira idade, que tem usado cada vez mais os recursos digitais. Mas, mui- tas vezes, ele não consegue finalizar uma compra porque o layout do site mudou a ordem e a lógica das opera- ções. Infelizmente, eles não podem contar com os famosos “assistentes virtuais” — robôs que não sabem a di- ferença entre o céu e o inferno! Revista da ESPM —Diante desse cená- rio, como será o futuro do e-commerce? Santos — Estou com 44 anos e cresci emuma realidade presente na maio- ria dos lares brasileiros até a década passada: uma TV em apenas um cômodo da casa e a família concen- trada vendo uma programação limi- tada. Hoje, as pessoas estão juntas, porém separadas — cada um em seu smartphone. O que a pandemia fez foi colocar todo mundo junto para conviver em espaços de 90 metros quadrados, em média. Resultado: as pessoas começaram a perceber que a internet é mais do que as redes so- ciais. No mundo virtual, cabe e tem espaço para todos. Por isso, acredito que o e-commerce continuará cres- cendo dois dígitos por ano, o que irá incentivar a entrada de novos comerciantes, que tendem a atrair mais consumidores e assim por diante. As perspectivas são boas, mas é sempre bom lembrar que sem emprego, sem saúde e sem dinheiro não existe consumo! Por conta do isolamento social, mais de 135mil lojas presentes emtodo o territórionacional aderiramao comércio eletrônico shutterstock . com Opaís poderia estar vivendo outra realidade, se pudesse contar comumamelhor infraestrutura, a começar pela qualidade da conexão à internet, que no Brasil é uma piada!
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