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VAREJO REVISTA DA ESPM | JULHO/AGOSTO/SETEMBRODE 2020 32 emergente demanda de lá quanto pela fragilização das importações de países ocidentais e em particular dos Estados Unidos, comsua política de autoproteção. Mas tambémcomo consequência domenor crescimento da maioria das economias maduras ocidentais, boa parte na Europa, e pelo agravamento dos problemas vividos pela América Latina. O desafio, e a maior oportuni- dade, será transformar essas exportações dominantes de commodities emexportações de produtos emarcas commaior valor agregado. Teremos, igualmente, num momento próximo, o aumento da presença de empre- sas chinesas no mercado brasileiro, na fase inicial em áreas estruturais, mas avançando para outros setores, incluindo finanças, varejo e consumo. E nesse vetor é preciso rever estrategicamente tudo que possa melho- rar e contribuir para a complementaridade das relações entre os dois países pela importância estratégica que a China tem e, crescentemente, terá com o Brasil. • 4. Aumento dos gastos globais com serviços no médio e longo prazos No curto prazo, por razões óbvias, houve concentração de gastos com alimentos, limpeza, cuidados pessoais e medicamentos, mas emmédio e longo prazos tende para um aumento dos gastos com serviços, especial- mente envolvendo saúde, educação, comunicação e outros. Superada a crise, em algum momento futuro, haverá a recuperação dos dispêndios com turismo, lazer e entretenimento, mas é um enigma se haverá uma compensação imediata do período de privação ou uma gradativa retomada por conta de um consumidor mais conservador que emergirá como resultado da crise vivida, independentemente do tempo necessário para que a vacina seja disponibilizada para a prevenção glo- bal. Devemos aceitar que em muitos aspectos temos mudanças estruturais de comportamento, como, por exemplo, aquelas derivadas da adoção do home office, inicialmente motivadas pelo isolamento e depois tor- nadas habituais pelos benefícios em termos de custo e racionalidade operacional. • 5. A emergência do omniconsumidor-cidadão megaconectado e discriminante Por conta do abissal crescimento do tráfego de dados e de informações em ambiente recluso e mais tempo para consumo dessas informações, emergiu umomni- consumidor-cidadão megaconectado e discriminante como nunca, com o que é real e mais sensível também ao fake , porém ainda mais consciente e avaliando com mais profundidade e sensibilidade tudo que é recebido. Não podemos classificar ainda em que escala essa racionalidade do comportamento nas diferentes cate- gorias e segmentos de produtos, marcas e serviços estará incorporada, mas é inegável que será um fator permanente em algumnível seguramente superior ao período pré-pandemia. À medida que o tempo passa, vão sendo filtrados conteúdos e fontes de informação e novos comportamentos advirão dessa consciência, reposicionando relações e percepções, tanto com res- peito a marcas, produtos, negócios e serviços quanto em relação às questões políticas e sociais. • 6. Necessidade e conveniência mudam a parti- cipação dos canais de vendas e relacionamento. Consumidores adquirem novos hábitos que mar- carão seus consumos futuros Da mesma forma como aconteceu na crise financeira de 2007-2009 nos Estados Unidos, quando os norte-a- mericanos “descobriram” os Warehouse Clubs, Clu- bes de Atacado, como Costco, e, em boa parte, man- tiveram o hábito de comprar neles, mesmo depois de O movimento de integração econômica e logística que se iniciara com o New Silk Road, patrocinado pela China, faz crescer ainda mais a influência asiática no mundo pós-pandemia shutterstock . com

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