Revista da ESPM JUL_AGO_SET 2020 web

JULHO/AGOSTO/SETEMBRODE 2020| REVISTADAESPM 39 pretendem comprar menos nos próximos meses com- parado ao que gastavam antes da Covid-19. É preciso ter emmente que a redução de compras na quarentena enopós-isolamento será diferente para cada segmentodeconsumo.Varejoon-lineeentregadecomida, que cresceram significativamente nos últimos meses, devem se manter em alta. O consumo de alimentos e produtos de limpeza aumentou, mas deve se estabilizar. Já os cinemas, hotéis e restaurantes tiveram uma forte queda e devemdemorar para se recuperar nesse cenário. Como será daqui em diante? A digitalização já era um movimento em curso, mas demorariamuito para ocorrer, não fossemas condições impostas pela disseminação do coronavírus. É um fato: evoluímos cinco anos emapenas cincomeses. Foi uma alfabetização induzida a fórceps, que reduziu o gap digi- tal e acendeu a discussão sobre o consumo dos brasilei- ros de baixa renda. A pandemia deixou claro que o acesso à internet de qualidade precisa ser um direito fundamental, como é o acesso a educação, saúde emoradia, uma vez que, sem esse tipo de tecnologia, as pessoas não conseguem ter contato com os serviços públicos, auxílios ou doações vindas de diversas fontes. Elas, ainda, não têma chance de ampliar o alcance de seus pequenos empreendimen- tos, reduzindo as formas de obter ou complementar a renda para garantir o alimento e o cuidado necessários às suas famílias. Se antes da Covid-19 os bancos digitais eram mais voltados às camadas de maior renda — tanto que 95% tinhamconta tambémembancos tradicionais —, agora a bancarização é disseminada por necessidade. Mas a atençãoaesseassuntodeve ser grande, jáque5,4milhões de brasileiros ainda não têmconta bancária ou acesso à internet, segundo o Instituto Locomotiva. Esta é a revolução no consumo que esperávamos há tempos. As pessoas aderiramao uso demeios digitais e criaramumnovohábito, principalmentenos aplicativos. O consumidor de baixa renda evoluiu junto às empre- sas, saindo da pandemiamais preparado, confiante em relação à capacidade de superar adversidades e caute- loso — porque, agora, passa a comparar mais os preços e acompanhar o posicionamento dasmarcas. Ao enfren- tar instabilidades e o medo do “novo normal”, a única certeza é a de que o uso da tecnologia aumentará cada vezmais, assim como será decisivo na hora da compra. E nada será como antes: 93% dos brasileiros contam que, após o isolamento, a vida não será mais a mesma! Renato Meirelles Presidente do Instituto Locomotiva, fundador do Data Favela, titular da Cadeira de Ciências do Consumo e Opinião Pública do Ibmec e autor dos livros Um jeito fácil de levar a vida: o guia para enfrentar situações novas sem medo (Editora Saraiva, 2008) e Um País Chamado Favela (Editora Gente, 2014) A taxa de desemprego no Brasil subiu para 13,3%no trimestre finalizado em junho, quando 8,9 milhões de postos de trabalho foram encerrados shutterstock . com Hoje, 31,9milhões de pessoas fazemparte da população subutilizada no Brasil, que reúne os desocupados, os subocupados (disponíveis para trabalhar mais horas) e os desalentados (que desistiramde buscar emprego)

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