Revista da ESPM JUL_AGO_SET 2020 web

MUNDO DIGITAL REVISTA DA ESPM | JULHO/AGOSTO/SETEMBRODE 2020 42 nacionais e locais — fator considerado o principal dife- rencial para ganhar a preferência do usuário na época. Em2017, os colombianos da Rappi decidiramdesem- barcar por aqui. Para bater iFood e UE, a Rappi chegou com uma proposta de entrega muito mais completa: queriam ser, nas próprias palavras, “o delivery de tudo em poucos minutos”. Porém, não demorou muito para perceberemque, apesar de fazeremmais do que entrega de comida, esse era omercadomais promissor e que exi- gia maior dedicação. Ressabiado com a chegada de concorrentes de peso, o iFood comprou a operação da PedidosJá, emagosto de 2018, empresa uruguaia pioneira no delivery on-line que havia expandido rapidamente pela América Latina. No mês seguinte, a Rappi recebeu um aporte de US$ 220 milhões do fundo asiático DST Global e entrou para o seleto clube dos unicórnios (empresas que valemmais de US$ 1 bilhão). Estava só começando a guerra entre empreende- dores com autoestima em dia, vontade de serem os maiores do país e uma enorme expectativa que tinha sua lógica: todo usuário (ou quase todo, infelizmente) se alimenta três vezes ao dia, 90 vezes ao mês. Num país commais de 200milhões de habitantes, podemos desconsiderar algumas faixas da população que não são economicamente ativas, como crianças e ido- sos, além dos mais pobres, que dificilmente teriam condições de utilizar o serviço e, ainda assim, ter um potencial de entregas mensais próximo de 100 bilhões. Talvez não haja mercado mais promissor do que esse em volume de transações. Em novembro de 2018, logo depois do aporte rece- bido pela Rappi, o iFood recebeu mais um, de US$ 500 milhões, e fez umbarulho danado. Menos de seismeses depois, a Rappi tomou o bastão mais uma vez. Aquele seria omaior aporte já feito no setor até hoje, demais de US$ 1,2 bilhão, vindo de duas grandes empresas: US$ 1 bilhão do grupo japonês SoftBank e US$ 200milhões de fundos de capital de risco que já haviam investido na startup, como Andreessen Horowitz, DST Global e Sequoia Capital. Essa competição elevada não deu vida fácil para nin- guém. A Rappi teve altos e baixos ao longo do tempo. Em janeiro deste ano, demitiu mais de 150 pessoas, aparentemente resultado da dificuldade de crescer no ritmo que se esperava. A Glovo, empresa espa- nhola que chegou ao Brasil em 2018, saiu do mercado assim que completou seu primeiro ano, em função Antes de 2011 (ou quando era tudo mato): Só havia delivery por telefone, direto com o restaurante, em geral de pizza. E um aplicativo abusado chamado Disk Cook que enviava pedidos aos restaurantes via fax Pré-história Pré-pandemia Pandemia Pós-pandemia Movile compra o iFood por R$ 5,5 milhões 2013 Chegada do UberEats no Brasil, com mais de 500 mil motoristas já cadastrados. 2016 Chegada da pandemia e crescimento dos apps é alavancado. iFood atinge 39 milhões de pedidos/mês. Precarização ganha destaque como pauta e surgem manifestações 2020 iFood compra operação do PedidosJá no Brasil e vende sua operação na Argentina. A Rappi recebe um aporte de US$ 220 milhões e se torna um unicórnio No fim do ano, iFood recebe um aporte de US$ 500 milhões. 2018 2011 Nasce o primeiro app delivery do país, o iFood, como um da Disk Cook com aporte de R$ 3,1 milhões do fundo de investimentos Warehouse. 2014 Fusão do iFood com o RestauranteWeb, criando o maior player de delivery on-line da América Latina 2017 A Rappi chega ao Brasil com a proposta de ser o delivery de tudo 2020+ Não sabemos como será, mas tudo indica que algumas questões, apontadas no último capítulo, serão cruciais para se ter sucesso 2019 Rappi recebe o maior aporte já feito no setor até hoje, de mais de US$ 1,2 bilhão de dólares No fim do ano, iFood divulga a marca de mais de 26 milhões de pedidos por mês spin-off TIMELINE DO DELIVERY ON-LINE NOBRASIL

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