Revista da ESPM
ENTREVISTA | CARLOS AUGUSTO JUNIOR REVISTA DA ESPM | JANEIRO/FEVEREIRO/MARÇODE 2020 100 Revista da ESPM — Como funciona o processo de educação continuada da Atlas Schindler para a grande maioria dos profissionais — que não têm perfil ou mesmo vontade de liderar uma equipe? Carlos Augusto — A educação conti- nuada faz parte do nosso DNA. Tanto que estamos sofrendo com o atual ambiente externo macroeconômico, mas não reduzimos a verba nos úl- timos seis anos. Aqui, trabalhamos com o sistema de Carreira em Y, no qual o profissional pode optar entre seguir para o cargo gerencial ou esco- lher ser umespecialista na área técni- ca de determinado setor e acumular conhecimento técnico para ajudar a desenvolver outras pessoas. Revista da ESPM — Sabemos que a aferição dos resultados desses progra- mas é fundamental. Como essa avalia- ção é feita internamente? Carlos Augusto — Todos avaliam e passam por uma avaliação 360º, que é feita pelo time, pelo parceiro e pelo gestor, sendo que o próprio algoritmo da operação escolhe quem você vai avaliar e qual gestor, para eliminar qualquer tipo de influência. Alguns indicativos apontam para a eficácia desse programa, como a nossa capaci- dade de exportar talentos. O gerente de toda operação do sul dos Estados Unidos é brasileiro, assim como o presidente da operação Peru e o ex- -presidente da operação Colômbia. O Brasil é um celeiro de exportação de executivos. Outro ponto positivo é o fato de a operação brasileira registrar um dos maiores engajamentos do grupo no mundo. Isso gera riqueza, porque quanto maior o engajamento dos profissionais, maior a geração de valor para o cliente e para a própria empresa. O terceiro benefício de investir na educação continuada é a garantia de manutenção do nosso modelo de negócio. Revista da ESPM — O engajamento da Atlas Schindler é alto, mas sabemos que a tendência dos jovens executivos é a mudança prematura de emprego. Isto naturalmente afeta o retorno dos investi- mentos feitos na formação e treinamen- to dessa nova geração. Como sua empre- sa procuraminimizar o problema? Carlos Augusto — Apostamos em projetos que trabalhama diversidade e a inclusão. Por exemplo: temos um de nossos estagiários, o Marcus Vi- nícius, que está fazendo duas facul- dades de engenharia e é professor de história nas horas vagas. Como ele é muito engajado com a causa da igual- dade de raça, promovemos um pai- nel sobre etnias e raças no qual ele foi o principal keynote speaker e foi ótimo. Outro programa que garante engajamento e retenção desse públi- co é o voluntariado corporativo, que desperta um sentimento de propósi- to nessa nova geração. Acabamos de lançar um programa de voluntariado no qual a companhia disponibiliza espaços, como as salas de nosso cen- tro de treinamento, para o compar- tilhamento de conhecimento e cada colaborador oferece o que temdeme- lhor ministrando aulas em horários alternativos ou mesmo depois do ex- pediente. Emumprimeiromomento, esses cursos serão oferecidos apenas para a nossa população interna. Mas meu sonho é abrir esse projeto para a comunidade. A vontade de ser volun- tário está no DNA do brasileiro. Nos- sas pesquisas apontam que 80% do nosso público busca ou se interessa pelo assunto. O que estamos fazendo é criar condições para transformar essa vontade em ação. Revista da ESPM — Com base no comportamento dos estagiários da Atlas Schindler, como você define o perfil dos jovens das novas gerações Y e Z? Carlos Augusto — Eles são imedia- tistas, mas buscam o sentido de per- tencimento e sabem da importância de investir na progressão da carreira — algo que está completamente as- sociado à estabilidade financeira. A minha geração estava preocupada em acumular bens. Já a nova geração é mais focada na realização de sonhos e propósitos. Mas, emambos os casos, você precisa ter certa estabilidade fi- nanceira para sustentar seus sonhos e atingir os objetivos! Demaneira geral, vejo as pessoas chegando bem “cruas” do ponto de vista de humanidades. Sinto que encaram o funcionamento de uma empresa como algo depar- tamentalizado, quando na verdade tudo funciona em conjunto, de forma O programa de estágio da Atlas Schindler é um investimento pessoal do presidente, que iniciou a carreira como estagiário e hoje comanda uma das cinco maiores operações da companhia
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