Revista da ESPM
JANEIRO/FEVEREIRO/MARÇODE 2020| REVISTADAESPM 11 millennials —, esse período é ainda mais curto: 2,8 anos ( ver quadro na página anterior ). Revista da ESPM — E como resol- ver esse impasse? Sérgio — É preciso se ajustar aos novos tempos. Bem-vindos à era da economia nômade, na qual pro- fissionais altamente qualificados buscam novos desafios, trocam de emprego e redirecionam suas carreiras com mais frequência do que trocam de carro, como aponta um estudo da BLS. Essa é uma ten- dência que impacta diretamente a forma como as organizações geren- ciam e desenvolvem as carreiras de seus colaboradores. O diferencial aqui está na transformação que as empresas terão de passar prin- cipalmente para atrair e reter os jovens talentos. É o que chamamos de digital readiness ou prontidão digital para absorver e utilizar as novas ferramentas. Um exemplo disso é o WhatsApp. Muitos execu- tivos preferem usar esse aplicativo como inst r umento de t raba l ho para se comunicar no dia a dia, mas algumas empresas vetam o seu uso por ele não estar dentro de sua plataforma e ser mais difícil de controlar. As empresas querem, no mínimo, ter a possiblidade de dar uma olhada nessas trocas de men- sagens, caso seja necessário. É uma espécie de Big Brother empresarial. Tal prática esbarra em uma das necessidades mais profundas do indivíduo, que é a individualidade. Muitos toleram. Mas os jovens ago- ra têm escolha: atuar em startups que oferecem isso a eles. Revista da ESPM — Movimento este que ajuda a explicar o aumento da concorrência por jovens talentos e o desenvolvimento da economia nômade. Correto? Sérgio — Exato. Na verdade, a econo- mia mundial já se tornou nômade, porque os profissionais não entram mais em uma empresa com a ex- pectativa de se aposentarem nela. Os motivos e motivações mudaram. Os jovens não querem possuir, eles não querem gastar o dinheiro do trabalho deles para comprar bens. Eles estão em busca de experiên- cias. É por isso que trocam tanto de emprego. Devemos considerar também o fato de que esses jovens são mais impacientes e têm grande dificuldade em adiar a gratificação, o prazer — que é um dos principais conceitos da inteligência emocional explicada por Daniel Goldman em seus estudos e livros. No teste do marshmallow, crianças foram pos- tas em uma sala e receberam uma instrução clara: pode comer o doce agora ou esperar cinco minutos e comer dois doces no final. Algumas crianças não aguentavam esperar nem um minuto. Outras criaram mecanismo de proteção, como virar de lado ou cobrir o olho, para não comer o doce antes da hora. Esse experimento mostrou que as crian- ças que conseguiram adiar a gra- tificação tiveram um desempenho melhor na escola e na vida adulta. shutterstock . com Hoje, o mundo corporativo vive uma espécie de Big Brother empresarial. Tal prática esbarra em uma das necessidades mais profundas do indivíduo, que é a individualidade
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