Revista da ESPM

PONTO DE VISTA REVISTA DA ESPM | JANEIRO/FEVEREIRO/MARÇODE 2020 118 “Nossomaiorativoentra esaipelaportatodososdias” M ais do que uma das célebres frases ditas por DavidOgilvy,estaéumadasgrandesverdades donossoedamaioriadosnegócios.Maiscon- temporâneaimpossível,ummantraqueajudaa definirnossaculturaenossoprimeiroobjetivodentrodaorga- nização,independentementedaáreaoudafunçãoquetenha- mos. Pessoas não são e não podemestar restritas somente à responsabilidadedoRH.Estaconsciênciaeresponsabilidade é de todos. Somosmelhores, piores, mais oumenos inovado- resapartirdequemchega,dequemsai,dequemcresceevive aorganização. AOgilvyé cadaum. Dito isso, queria contar uma história pessoal, de quando chegueiporaqui:1995,tinhalá23anosejáalgumaexperiência nomercado—quase seis anosque já trabalhavaemagências. Porémagênciasmenores, quase “inexistentes” naquela fase — uma época emque entrar ou sair das melhores emaiores domercadodependiadequemvocê conheciaou te indicava. Eu sabia que queria entrar, sabia que podia, mas não tinha como romper a barreira de tentar encontrar uma forma de me apresentar ou concorrer a uma vaga “naquelas fodonas”. Atéqueumdiadeucerto. Umirmãodoamigodoamigo foi quemme conseguiu uma entrevista numa dasmais emble- máticas agências da época. Era a chance que eu precisava. E foi. Porque fui humilhado na entrevista feita pelo então VP, ou algo assim, que foi taxativo: “Você nunca trabalhou numamultinacional, nunca trabalhounumadasmelhores”. Ainda tentei, humilde, perguntar: “Ok. Mas um estágio aqui para mim não seria possível?” (mesmo já tendo seis anosdemercado). Arespostaveiodireta:“Não.Vocênãoserve”. Saí quaseescoltadodaentrevista.Nãovouentrarnosdeta- lhes aqui,mas foi umadasmaiores lições que eupoderia ter. Não desisti. Sim, me senti mal. Acreditei que eu era uma “merda” mesmo. Mas aquilome deu força para tentar de um jeitoumpoucomenos convencional: fizumcurrículoqueera umanúnciosobremim.Encontreiosnomesdasliderançasdos diferentes lugaresondeeugostariadeentrar emandei aquilo pelocorreioparaumas15agências.Depoisdealgunsdias,uma pessoameligou,mechamouparaumaentrevistaemecontra- tou.Qualagência?Naépoca,aStandardOgilvy&Mather.Poisé. Eoqueficoudisso tudo, queprocuro trazer para os dias de hoje, éacrençadequeo talentopodeestar emqualquer lugar. Podeserqualquerpessoa,podeterqualquerhistória.Respondo a todos que me procuram em qualquer rede. Recrutar das maneirasmaisabertas,menosrestritivasesemvíciosécrucial. Vale tambémcomentar aqui quenãogostomuitodo termo “recrutar”. Parecequevocêsó “recruta”quando temumavaga ouumanecessidade,masasmelhorescontrataçõesdequeme lembroforamaquelasnasquais fomos“recrutados”,indepen- dentementede termosvagasouestarmosbuscando. Receber eprocurarsempreosmelhorestalentostemdeserumhábito. Eumaobrigaçãodetodos.Issosemcontarcomoébomconhe- ceralguémque“quer”suaempresa,quechegacomadmiração, desejoe vontadede fazer partedaquiloali. Outro aspecto fundamental e determinante para compor uma cultura criativa e inovadora é a diversidade. De tudo. De gêneros, de backgrounds , declasse social, denacionalidade, a maisamplaeinclusivapossível,emtodasasposições.Hámais dequatroanos,temosumcomitê,oSOMOS,formadoporpro- fissionaisdaagênciaquediscutem, trazemsugestões, atuam efetivamentenaconstruçãodestadiversidadenodiaadia.Viver asdiferençasetrabalharaempatianosfazemmelhoresemais criativos. Este tambémé umprocesso que não termina, não existeumfim.Éhábito.Equandosetornahábito,viracultura. Uma culturade gente. Enãode “gente comoa gente”. Poderiapassaraindapelaimportânciadetreinamento,plano de carreira, transparência na gestão, tudo parte da experiên- ciadecadacolaboradoralinaqueleambienteouempresa,mas vou trazer aqui nofinal umúltimo aspecto que acredito ser o diferenciador decadaum: apaixãopor estenegócio, apaixão pelas ideiasepelacriatividade. Acrençadequeacriatividade éumagente transformador denegócios, de resultados. Aquaseobsessão, paranãodizer obsessãomesmo, por ser melhor e buscar o que ainda não foi feito. Buscar o original. Vibrar comuma ideia na rua. Uma ideia que saia da esfera da bolha publicitária e chegue às pessoas. Que aquele vizinho comente,quesuatiadigaquegostou,quesejarelevante.Éoque DavidOgilvychamavadohábitodesermos“divinamentedes- contentes” comas nossas ideias. Celebre oque você fez. E, no instanteseguinte,comeceapensarcomopoderiasermelhor. E termino aqui de uma maneira que geralmente faço em algumas entrevistas. Se você é bom, acha que é bom, tem o desejo de conhecer a Ogilvy, nossos clientes, conhece nosso trabalho, não importa quem você é, de onde seja, procure a gente e vamos tomar umcafé! Fernando Musa CEO da Ogilvy Brasil divulgação

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