Revista da ESPM

JANEIRO/FEVEREIRO/MARÇODE 2020| REVISTADAESPM 21 O futurosempreétemaparaespeculações.Na maioria das vezes, as previsões carregam incertezas ecostumamfalhar, emespecial aquelas relacionadas a carreiras e profis- sões. Desde que comecei nessa dinâmica área, há quase 30 anos, os jornalistas anualmente costumavam fazer perguntas sobre o futuro das profissões e sobre as pro- fissõesmais promissoras, no afã de aplacar a ansiedade dos pais e seus jovens filhos no difícil momento de esco- lher uma carreira profissional para prestar o vestibular. Ocenário atual não é diferente. É apenasmais abran- gente, pois engloba pais ansiosos pelo futuro dos seus filhos e tambémpelo próprio futuro. Isso porquemuitos desses pais vivemhoje uma série de dramas e questiona- mentos emrelação ao futuro da própria carreira e ainda têmde lidar como fator longevidade — o que acrescenta mais dúvidas a ummomento de vida no qualmuitos pro- fissionais pensavamemencerrar suas atividades. Agora, esses profissionais, já seniores, estão tendo de revisi- tar suas escolhas e até optar por mudanças de carreira. Além da longevidade — nunca vivemos tanto quanto hoje —, a crescente aceleração das tecnologias em velo- cidade exponencial, e nãomais linear, impacta a todos. Todas essasmudanças alteramsignificativamentenossa percepção de futuro, afetando nossas atitudes diante das expectativas de vida e carreira. A inteligência artificial, que anos atrás era uma ideia distante, hoje está na palma de nossasmãos. Já nos acos- tumamos com os aplicativos que facilitam nossa vida e já somos atendidos por robôs, comalguma naturalidade. Aqueles que, como eu, já passaram dos 50 precisaram se adaptar a inúmeras transformações tecnológicas ao longodos anos. Conversandocomamigos, lembramosdo telefone fixo de teclas e do quanto já foi difícil, neste país, ter uma linha de telefonia fixa. Hoje, te empurram, num combo ilegal, o tal do telefone fixo, que nem sequer sei o número. Jápassamospelo fax, queagilizoumuitoosnegó- ciosnaquela época. Nossomundoé altamente conectado e existe a perspectiva de que o volume de dados alcance a casa dos 40mil Exabytes — 40 Zettabytes, ou ainda 40 tri- lhões deGigabytes —, como aponta o gráficodapágina 22. E a pergunta é: o que faremos com tantas informa- ções?Aqui temos umdesafio e inúmeras oportunidades! Sempre digo que nunca estamos exatamente prepara- dos para determinadas situações. Vamos aprendendo a lidar comelas, namedida emque se apresentam. Acre- dito que nemosmais promissores futuristas consegui- ram imaginar a realidade como ela é hoje, ainda que os Jetsons — desenho animado criado em1962 que se passa no ainda distante ano de 2062 — tenham sido uma boa tentativa. As teleconferências figuravamentre as novi- dades incríveis apresentadas pelo desenho na época. Hoje, 58 anos depois da estreia dos Jetsons na TV, essa realidade já é tão trivial emnosso dia a dia, que não pre- cisamos mais esperar o ano projetado pelo desenho. Outras inovações ainda estão a caminho, mas robôs interagindo comhumanos também já são realidade. Cer- tamente, você já deve ter interagido coma Siri, oAlexa, o Bixby ou oGoogle. Mas é o Pepper, umrobô social huma- noide, que nos aproxima ainda mais da realidade dos Jetsons. Primeiro desse tipo no mundo, esse robô está programado para reconhecer rostos humanos e possui emoções básicas. Sua inteligência artificial permite que ele interaja comos seres humanos pormeio de sua inter- face touch screen e atémesmo emconversas. Os “carros voadores” já estão na prancheta: a startup LiliumAvia- tion apresentou emmaio de 2019 um protótipo de táxi voador de cinco lugares. Totalmente elétrico, o modelo conta com dois pares de asas, decola verticalmente, atinge até 300 quilômetros/hora e tem autonomia de 300 quilômetros. Emoutubro, foi realizado o primeiro — e bem-sucedido — teste. Quemsabe seja realidade, como as videoconferências até 2062! Nosso futuro é incerto e pode-se adotar postura posi- tiva ou catastrófica diante dele. A segunda, inclusive, consegue ganhar as telas dos cinemas, projetando cená- rios calamitosos, pós-apocalípticos, com sociedades destruídas e muitas vezes voltando a humanidade aos períodosmedievais. A posturamais positiva nos coloca como seres mais conscientes, que dominam melhor as emoções ou simplesmente as subtraem — como se as emoções fossem causadoras dos males sociais. Nas telonas, histórias sobre o futuro unem todo tipo de tec- nologia paramelhorar a qualidade de vida, ou ainda nos enviampara novas galáxias, aludindo que talvez a terra não sejamais um lugar amistoso. Enfim, especulações. Projeçõeseespeculaçõessãoválidas, poismuitasvezes a vida acabamesmo imitandoa arte. Já existemorganiza- çõestrabalhandoparaentendercomopoderáserofuturodo trabalhonomundo,comooCenterfortheFutureofWork™,

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