Revista da ESPM
JANEIRO/FEVEREIRO/MARÇODE 2020| REVISTADAESPM 31 É preciso seguir o fluxo. A mudança sempre fez parte da nossa história. Já passamos por grandes revoluções enquanto sociedade: a revolução agrícola; a revolução industrial; a revolução do conhecimento; e agora vivemos emmeio à revolução tecnológica, mais conhecida como 4ª Revolu- ção Industrial. Cada fase trouxe importantesmudanças de comportamento e ditou o que era essencial ter como habilidade para se destacar na busca por empregos. Nas outras eras, culturalmente, as crianças começa- vama trabalharmuito cedo, tendopouco acesso à escola e ao desenvolvimento contínuo. Como a comunicação era limitada, estávamos fadados às crenças e valores da nossa comunidade, família e religião. Esse modelo de sociedade não gerava estímulos que incentivassem a criatividade e a diversidade de pensamentos, fazendo comque a inovação e a originalidade em ideias fossem bemmenos expressivas do que atualmente. Mas, coma chegada da era do conhecimento, a educação se expan- diu, as crianças ganharam o direito de não trabalhar e passaram a absorver novos conhecimentos. Você con- segue perceber o quanto o acesso à educação foi trans- formador e essencial na construção domomento atual? Mentes pensantes têm a liberdade da curiosidade como valor, e foi por meio da curiosidade, a base da criatividade, que elas ajudaram a construir a nova era da Revolução 4.0. Mas o que é a 4ª Revolução Industrial? O termo foi anunciado em 2011 por Klaus Schwab, diretor e funda- dor do FórumEconômico Mundial, na Feira de Hanno- ver. Agora, uma nova fase dessa revolução é impulsio- nada por umconjunto de tecnologias disruptivas como robótica, inteligência artificial, realidade aumentada, big data (análise de volumesmassivos de dados), nano- tecnologia, impressão3D, biologia sintética e a chamada internet das coisas, na qual cada vezmais dispositivos, equipamentos e objetos serão conectados uns aos outros por meio da internet. A4ª Revolução Industrial se define pela convergência e sinergia entre essas tecnologias. Está ocorrendo uma conexão entre omundo digital, omundo físico, que são as “coisas”, e o mundo biológico, que somos nós. Diante desse panorama, o maior impacto da Revo- lução 4.0 nomercado de trabalho é aprender a aprender de novo . Mas a questão é: diante dos inúmeros avanços, como garantir que os jovens profissionais estejamaptos a acompanhar tanta rapidez de mudanças? Ao contrário do que se imagina, a Revolução 4.0 e suas automações não vão roubar empregos, mas já estão transformando a nossa forma de trabalhar. Uma pesquisa da McKinsey & Company revela que menos de 10% dos empregos no mundo podem ser 100% auto- matizados. Ou seja, poucas profissões serão realmente extintas, mas, na verdade, terão de se readaptar aos novos modelos de atuação. Nos próximos anos, os profissionais serão realocados para funçõesmenos analíticas e processuais e terão de lidar com funções mais gerenciais. Logo, os colabora- dores vão ter de lidar comnovos maquinários e softwa- res , ou como que a tecnologia ainda não conseguemen- surar, devido a tamanhas variáveis, a gestão humana. O que esperar dos jovens talentos? Há uma armadilha nessa avalanche tecnológica. Mui- tas empresas estão investindo emmodernização, mas esquecendo a outra ponta, o fator humano por trás do consumo.UmlevantamentorecentedaPriceWaterhouse- Coopers (PwC) descobriuqueos consumidoresque foram atendidos por outros seres humanos se tornarammuito mais fiéis àsmarcas do que aqueles que foramatendidos por sistemas automatizados de chatbots . O estudo reve- lou que, alémda qualidade de preço e de produto, o que mantémumcliente conectado a umamarca é a conexão humana, a memória afetiva ligada a ela. O motivo disso vem sendo respondido pelo neuroe- conomista e professor daUniversidade de Stanford Paul Zak. Ele fez inúmeros estudos envolvendo a oxitocina, hormônio responsável pela conexão de confiança, amor e afeto. Suas descobertas revelaramque as nações com maior índice de saúde econômica são justamente as que possuemmais taxas de oxitocina no sangue. Acontece que a oxitocina é facilmente promovida pela troca humana, pela conexão entre as pessoas e pela ARevolução 4.0 e suas automações não vão roubar empregos e sim transformar anossa formade trabalhar emtodos os segmentos da economia
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