Revista da ESPM
JANEIRO/FEVEREIRO/MARÇODE 2020| REVISTADAESPM 83 E mpresa familiar não é um agrupamento de parentes... É um patrimônio formado ao longo de muitas décadas, que deve ser administrado da melhor forma, para que seja passado de geração a geração. Mas a regra é clara e vale para a maior parte das empresas brasileiras nos dias atuais: filhos crescem e pais envelhecem! Dados do Sebrae apontamque cerca de 60%dos negó- cios familiares que operam no Brasil têm faturamento anual entreR$100milhões eR$600milhões. Sãoempre- sas que gerammuitos empregos e renda para umgrande número de famílias emnosso país. Mundialmente, a maior parte dos negócios familia- res de sucesso tem seu ambiente societário profissio- nalizado, com um objetivo maior: proteger e valorizar o patrimônio das famílias controladoras. No Brasil, sócios e dirigentes de negócios familiares caminhamapassos largosparaentenderqueprofissiona- lizaçãodonegócionãosignifica somente trocar colabora- doresmembros das famílias por especialistas não fami- liares e que famílias empresárias de sucesso são aquelas que têmuma disciplina societária entre seusmembros. Hoje, está se consolidando, na forma de pensar e agir, do conjunto das empresas familiares nacionais, a ideia de que é preciso existir processos de governança atua- lizados e potentes. Isso significa criar instrumentos e estruturas por meio dos quais possam ser tomadas decisões que, pormuito tempo, foram tratadas na infor- malidade das salas dos diretores, emalmoços, jantares e festas de confraternização da família. Em que consistem tais instrumentos e estruturas? São as estratégias de governança familiar e governança corporativa. Governança familiar • 1. Protocolo Familiar – Os princípios da governança familiar preconizamque a família empresária deve con- seguir alcançar umnível de harmonia possível ( porque é impossível existir harmonia total entre muitas pessoas com interesses nem sempre convergentes, durante déca- das ), para que as relações entre familiares-sócios e a empresa possamnavegar, da formamais tranquila pos- sível, o oceano de acontecimentos pessoais e empresa- riais, que ocorrem ao longo de décadas, da forma mais segura, que garanta de forma saudável a manutenção do patrimônio da família. O Protocolo Familiar é o instrumento que preve- nirá, a qualquer tempo, conflitos familiares em torno do negócio. Seu conteúdo é construído com a partici- pação de todos os familiares-sócios, a partir de meto- dologia específica. As cláusulas do Protocolo Fami- liar dizem respeito a temas espinhosos na relação família-empresa. Quase sempre existe uma preocupação ilusória na família, coma simplesmenção de tais assuntos, e a pro- vocação de desarmonias nas relações. Mas na prática ocorre o contrário. Não “encarar de frente”, comcalma e sem influências emocionais, assuntos dessa natureza cria barreiras de comunicação entre os membros da família. Conversar abertamente a esse respeito faz com que os familiares negociem entre si soluções que — na maioria dos casos — criarão um entendimento sobre esses temas. • 2. Conselho de Família – É o órgão da governança familiar que reúne membros da família empresária com vários objetivos: administrar o Protocolo de Família; tratar, sem emoção, dos acontecimentos familiares que possam fazer carga contra o patrimô- nio da família (exemplos: um divórcio ruidoso em que cotas ou ações da empresa estejam em discussão; ou um comportamento de um membro da família que esteja colocando em risco a marca da empresa frente ao mercado); e promover eventos de educação societá- ria e eventos sociais que apoiem o desenvolvimento das boas relações entre os membros da família (exem- plos: promover um curso que esclareça o que são boas relações entre familiares-sócios; ou promover uma viagem de lazer/relacionamento anualmente para todos os membros da família). 60%dos negócios familiares que operamno Brasil têm faturamento anual entre R$ 100milhões e R$ 600 milhões, segundo o Sebrae
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