Revista da ESPM

ADMINISTRAÇÃO REVISTA DA ESPM | JANEIRO/FEVEREIRO/MARÇODE 2020 86 MODELO 2 – VISÃO DOS FATORES COMPORTAMENTAIS Neste segundo modelo, os mesmos três círculos podem ser aplicados a cada fator das decisões a serem tomadas na empresa familiar. Quase sempre, as deci- sões são tomadas levando emconsideração apenas dois deles: financeiro e técnico. Aqui, é fácil entender que especialistas emfinanças e logística utilizem todo o seu conhecimento e experi- ência técnica para propor a solução de um problema, sem notar que aspectos emocionais podem ajudar a compor a solução. Odirigentedaempresa consultaumdesses especialis- tas a respeito de umparecer para umplano de negócios, ou sobre a viabilidadeda construçãodeumanova fábrica e não sobre o relacionamento pessoal entre os sócios, que podemser cunhadas, pais e filhos, tias e sobrinhos. No entanto, na empresa familiar, todos os três cír- culos devem ser levados em consideração, na tomada da maior parte das decisões. Ignorar a importância de qualquer um deles significa deixar uma porta aberta para prováveis problemas futuros. Esse modelo não quer demonstrar que tomadores de decisão, na empresa familiar, considerem advoga- dos, contadores, diretores executivos, como psicólo- gos. Mas que deva levar em consideração o fato de que você é humano, um indivíduo cujo lado emocional se manifesta em suas tomadas de decisão. Que você se relaciona com outros humanos, criaturas também emocionais, e que isso possa ajudar a explicar por que decisões irracionais — às vezes — dão lugar ao absolu- tamente racional. Razão versus emoção SegundooprofessorHussHaworth,especialistaemFamily Business, na empresa familiar os aspectos emocionais estão subjacentes, emquase todas as discussões e análi- ses técnicas. E impactama tomada de decisões que deve- riam ser essencialmente lógicas. “Somos humanos, por isso tomamosdecisões emocionaisquedesafiama lógica e confundematé as pessoas e as equipes na empresa.” Para Haworth, “a sobreposição de papéis entre os membros da família que se tornam dirigentes da empresa cria, emmuitos casos, pressões fortes sobre as pessoas, e nesse contexto as emoções prevalecem nas tomadas de decisão”. Já o professor Mike Michalowicz, em seu livro Pro- fit First , apresenta uma explicação muito interessante sobre tomadas de decisão: “Quantas vezes o dr. Spock olhou nos olhos do capitão Kirk e disse: ‘Isso é muito ilógico’...? O capitão Kirk era humano e os humanos não são lógicos. Somos pessoas conduzidasmuitomais pelo emocional, pelo cérebro de macaco. Gostamos de objetos brilhantes, compramos 12 quilos de comida para gato só porque está escrito que é uma liquidação, mesmo que não tenhamos gato em casa. Mas também sabemos confiar em nossos instintos! Então, confie em seus instintos, use atalhos, seja criativo, para que possa seguir em frente e fazer mais coisas!”. Tem um case de uma empresa familiar brasileira que exemplifica bem esta situação. Fundada em 1922, essa fabricante de produtos de consumo tem um fatu- ramento anual médio de R$ 500 milhões e conta com aproximadamente 500 funcionários. Possui umnúmero de sócios acima de 20 pessoas, pertencentes a três famí- lias distintas, fruto de um ambiente societário com- plexo, desenvolvido ao longo de quase 80 anos. Logo, temos muitas variáveis independentes, no trato das emoções entre tantos familiares-sócios. Para comple- tar o cenário, a marca é valiosa e muito conhecida no Brasil e em alguns países da América do Sul. Assim, a Parte do sucesso de profissionais não familiares na empresa familiar é formada pelas relações e emoções que envolvemmembros das famílias EMOÇÃO FINANÇAS TÉCNICA

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