Revista da ESPM
TRABALHO REVISTA DA ESPM | JANEIRO/FEVEREIRO/MARÇODE 2020 90 No último momento, escolhi publicidade. Algumas semanas depois, prestei o vestibular. Não estudei quase nada. E deu para ver no resultado. Fiquei na lista de espera e passei por pouco para orgulho dos meus pais, que sempre cursaramuniversidades federais. Nocomeço das aulas, usei o mesmo padrão de estudos que adotei durante o período de preparação para o vestibular: só estudava as matérias de que gostava. E conseguia ir muito bem, quando queria. Tentei fazer estágio emvárias agências. Fui rejeitado em todas, com louvor. Afinal, quem iria contratar um menino sem a menor noção de como fazer uma entre- vista? Enquantome esforçava para construir umportfó- lio e virar umredator publicitário, eu aprendimuita coisa interessante. Uma delas foi adorar amatemática. Cursei estatística e não só fui bem nas provas como aprendi a gostar dessa disciplina! Outro ponto foi aprender a falar empúblico por conta dasmilhares de apresentações de trabalho escolar. Até que fui fazer entrevista com um camarada um pouco mais velho que eu e que parecia conhecer muito sobre tudo. Eleme perguntou: você sabe programar para a internet? Eu não tinha a mais vaga ideia, mas já era completamente viciadona internet epassavahorasnave- gando na web todos os dias. Respondi que não, mas que aprenderia rapidamente. Fui contratado, aprendi tudo sobre site, HTML, Photoshop, negócios e me apaixonei por este último item. Comecei a devorar tudo sobre o tema, principalmente as revistas de negócios. Assisti a uma palestra do Tom Peters e fiquei encantado. Fiz um curso de pós-graduação na ESPM, que abriu minha cabeça. Tiveprofessores fantásticos e conheci ummundo que não fazia ideia. Trabalhando duro, me tornei sócio da empresa, que rapidamente ampliou o quadro de fun- cionários para dezenas de pessoas. E, assim, aos 23 anos me vi contratando e demitindo gente. Aos 24 anos, fui convidado para dar aulas na pós-gra- duação na ESPM. Lembrei das minhas apresentações na faculdade e de como julgávamos nossos professores. Senti umnó no estômago, mas resolvi aceitar o desafio! De repente, lá estava eu: empresário e professor — uma realidade totalmente diferente dos planos que fiz na fila de inscrição do vestibular. Como tempo, criei outras empresas. Tivemuitos fra- cassos e sucessos. Hoje, eu encontreimeu propósito, que é o de transformar o Brasil pormeio da inovação. Parece piegas?Talvez.Mas é algo emque eu realmente acredito! Sevocêmeperguntar sobreminhacarreira, eudigoque não possuo uma carreira definida. Ao longo dos anos, eu fuiexperimentandodiversascoisasemedesafiandocons- tantemente. Eu tive a sorte, e talvez a inconsequência, de me atirar em coisas completamente malucas e (aparen- temente) desconexas, que juntas fazemmuito sentido. Hoje, eu trabalho com inovação de ponta, interagindo com startups no Brasil e no exterior, além de conviver comos executivosmais ousados domercado. O curioso é que a trajetória dessas pessoas é muito parecida com aminha no que diz respeito àmultiplicidade de experi- ências e tomada de riscos. Um novo tabuleiro, peças antigas O trabalho, como conhecemos hoje, foi forjado há 200 anos, na Revolução Industrial. De repente, uma fábrica comcemprofissionais passou a produzir o quemilhares de pessoas em suas casas não conseguiam fazer sozi- nhas. Junto comasmáquinas, vieramas primeiras teo- rias de gestão e a busca pela eficiência começou. Quanto mais produtividade, maior o ganho. Este era o lema dos grandes empresários industrialistas, como Henry Ford e AndrewCarnegie. Na busca da eficiência, chegaramà padronização. E assim todo ummodelo foi criado para encaixar os profissionais emumpadrão. Quando estamos em sala de aula, no ensino médio, aprendemos a obedecer aos professores e a realizar tes- tes para garantir que estamos em conformidade com o que a escola ensina. Qualquer comportamento que desvie do esperado é punido com notas baixas. Quando chegamos à faculdade, já estamos devidamente condi- cionados. Entendemos que a carreira é uma sucessão de ARevoluçãoIndustrial criouomercado. Agora, arevolução tecnológica– iniciada nadécadade1970, nosEstadosUnidos– estámudandoas regrasdo jogo
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