Revista da ESPM

TRABALHO REVISTA DA ESPM | JANEIRO/FEVEREIRO/MARÇODE 2020 92 por trás do machine learning e a aplicação prática das tecnologias. A capacidade analítica figura entre as características mais importantes. Por exemplo: um motorista do Uber é apenas alguémque recebe ordens de um algoritmo. Infelizmente, a maior parte do mer- cado vai estar deste lado da inteligência artificial. Por outro lado, interpretar dados corretamente e tomar decisões combase nessas informações se torna crítico para quem quer liderar o processo. E para fazer isso, é fundamental um amplo entendimento do que é possí- vel com a tecnologia. • Mentalidade experimental Estamos vivendo cada vez mais na fronteira do que é possível fazer. Hoje vence quemconsegue criar o futuro, não apenas prever tendências. E a única forma de fazer isso é experimentando. Ninguémmais é dono da razão. Vence o experimento que apresentar osmelhores resul- tados — uma abordagemque pode e deve ser levada para a vida. Métodos como o Lean Startup e o Agile fazemcom que as empresas adquirama competênciada experimen- tação. Afinal, para se destacar agora, é preciso entender o que é um experimento e como aprender mais rápido do que a concorrência. • Liderar e influenciar pessoas Em um mundo liderado por máquinas, como no filme Exterminador do Futuro , apenas uma pessoa como John Connor, o líder da revolução dos rebeldes, consegue con- duzir a resistência. Uma máquina não consegue inspi- rar, fazer com que outros a sigam. • Aprendizado rápido Éprecisoaprender aaprender!Opadrãodomercadosem- pre foi: “se precisar saber algo novo, vou fazer umcurso!”. Com as mudanças que estamos vivendo, a prática é fun- damental para solidificar o conhecimento. Ao assumir a responsabilidade por sua formação e criar uma jornada guiada pela curiosidade e abertura a novos conceitos, os profissionaissepreparamparaosdesafiosquevêmpor aí. Todos deveriam investir muito mais energia no desenvolvimento destas quatro competências — as chamadas soft skills —, que nunca foram tão hard ! Mas, paradoxalmente, este tipo de aprendizado é relegado a disciplinas de apoio nas faculdades e quase não é abor- dado no ensino médio. Deveríamos estar dobrando nosso esforço para resgatar aquilo que nos faz huma- nos: trabalhar emgrupo; influenciar pessoas; e ganhar a confiança dos demais. Oautoconhecimentoeo trabalhoemgruposãocompe- tências-chaveparaoamanhã, damesma formaque saber comoadquirir novos conhecimentos e skills rapidamente sãoduasgrandescaracterísticasdoprofissional do futuro. A prática da teoria Tudo isso parece umpouco assustador, eu sei. Mas a boa notícia é que tal fenômeno está acontecendo em todos os setores da economia. Ninguémestá livre dos impac- tos da inovação. Se todos estão no mesmo tabuleiro, cabe a você se tornar a peça que omercado vai valorizar. Inovar é o melhor caminho. E um bom começo para isso é concentrar a energia emaprender conceitos fora da trilha inicial e esquecer antigos rótulos como “eu sou de humanas” ou, ainda, “eu não gosto de tecnologia”. A abordagemagoradevesermuitomaisfluida,paraquevocê possaserumprofissionaldiferenteacadanovociclo.Todos deveriamperseguir essa reinvenção periódica e investir na evoluçãoda carreira, emque suas competências ante- riores sãomenos relevantes do que as que serão adquiri- das. Isso significa que, de tempos em tempos, é preciso se atirar ao desconhecido, até que essa prática se torne um hábito. Eu garanto que muito mais oportunidades se abrirão neste cenário que tende a valorizar cada vez mais as lateralidades e o generalismo. Vivemos emuma eramaravilhosa, comoportunida- des surgindo a todo momento. Nunca foi tão bom ser um profissional com amplo conhecimento e experi- ência. Então, em vez de planejar sua carreira, comece planejando seus próximos ciclos de aprendizado e experiência. E faça do desconforto o seu grande aliado! Pedro Waengertner Fundador da Ace, coordenador e professor de marketing e digital da ESPM O autoconhecimento e o trabalho em grupo são competências-chave para o amanhã, assim como saber adquirir novos conhecimentos e skills