Revista de Jornalismo ESPM

REVISTA DE JORNALISMO ESPM | CJR 9 ou por desenvolvimentos tecnoló- gicos, àmedida que semassificame constituemseu sistema econômico. O mesmo está ocorrendo neste momento com as “mídias sociais”. No entanto, pela natureza pecu- liar da infraestrutura da internet, numa rede de nós que funcionam como emissores/receptores iguais entre si, é mais difícil identificar o momento em que a imensa maio- ria dos usuários das redes sociais deixa o papel de emissor para se tornar, de fato, apenas consumi- dora, ainda que compartilhemcon- teúdos ativamente. Do ponto de vista da superestru- tura, de sua expressão cultural e da compreensão que geram em análi- ses e ideologia, os novos meios são sempre envolvidos emumamística democrática, que afirma sua poten- cialidade técnica como redentora do aspecto hierárquico e unívoco que caracteriza os meios anterio- res, que têmemissores dominantes e grande quantidade de receptores, o que nos meios técnicos eletrôni- cos, rádio e a televisão, se conven- cionou chamar de “broadcast”. A natureza técnica peculiar da inter- net preserva por mais tempo em seu favor o argumento de que ela é essencialmente dialógica e jamais poderá ser compreendida como unidirecional. Essa aura libertária é uma “ideolo- gia dos meios novos”. Ela os acompa- nharáatéoseuplenodesenvolvimento comomídia,turvandoacapacidadedos observadoresperceberemoestabeleci- mentodadominânciadegruposgover- namentais, econômicos, políticos ou religiosos que se impõemcomo emis- sores dominantes ou mesmo exclusi- vos, monopolizando a voz. No livro ADesintegração dos Jor- nais (Editora Reflexão, 2014), pro- curo descrever as etapas do ciclo de desenvolvimento econômico dos meios de comunicação, que esque- maticamente é possível dividir em quatro passos: 1 - Descoberta científica ou ino- vação tecnológica, ummomento emqueele se revestedeumaaura libertária: “onovomeio vai liber- taroconsumidordomonopólioda vozexercidopelosmeiosvelhos”; 2 - Em um segundo momento, o novo meio conquista mais con- sumidores, mas ainda é caro e “exclusivo”; 3-“Noterceiromomento,osnovos meios se popularizam e passam apermitir uma exploração lucra- tiva, quevai pagar a contadeuma grande organização de mídia. Nessahora, grandes conglomera- dos vão impor seu modelo “bro- adcast” a todos os comunicado- res independentes. O mito do meio libertador dá lugar ao mito do empreendimento altamente lucrativo, ao discurso dos veícu- los líderes. Osmonopólios se for- mam, o novo meio passa a ser a vanguarda do mercado”; 4 - No quarto passo ou ciclo, o novo meio de comunicação encontra sua vocação no espaço da mídia, consolida então seu modelo de sustentação e passa a produzir e veicular o que lhe é mais pertinente”. Oestabelecimentodosistemaeco- nômicodosnovosmeiospassaporum momento, entre o terceiro e quarto Orádionasceu comouma tecnologiadual,mas viroubroadcast, compoucos emissores constituindoumsistema econômicode sustentação SHUTTERSTOCK

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