Revista de Jornalismo ESPM
REVISTA DE JORNALISMO ESPM | CJR 15 Aformadeapreensãodeconhecimentomudouradicalmentedesdequeanovamídiaemergiu como “a broadcastização da rede: o ecossistema de plataforma impul- sionado por algoritmos e suas con- sequências para o jornalismo digi- tal”. Nesse texto, Leão Serva crê ter encontrado um possível eco à sua abordagem. Ele mesmo explica: “A palavra ‘broadcastization’ tem sido usada por alguns críticos em língua inglesa que apontam o processo de concentração do poder de emissão nas redes sociais e a reduçãodo reco- nhecimentodopapel de instituições noticiosas na autoriade textos jorna- lísticos. Tofalvyutiliza tambémcomo sinônimo a palavra ‘feedization’”. Para Tofalvy, no ecossistema de mídia digital dominado pelas plata- formas conhecidas, amídia on-line se tornou ummeio demassa desen- volvido. De acordo com ele, cura- dores humanos e conteúdo edi- tado ficaram em segundo plano. Tofalvy explica: “Após as fases de midiatização da rede e internetiza- ção dasmídias, podemos presenciar a feedizaçãodasmídias digitais, fase emqueasplataformasdemídiaon-line voltamaumaestratégiapré-digital de distribuição de conteúdo. Especial- mente no subecossistema do Face- book, que não tenta facilitar a pes- quisa ou arquivamento de conteúdo anterior (ao contrário, por exemplo, da estratégia do YouTube). Em vez disso se concentra na distribuição e facilitação da interação do conteúdo postado recentemente”. Sem dúvida, esse movimento na mídiaon-linenãopode ser lidocomo uma espécie de difusão de uma só mão. Tal visão é parte do problema que dificulta a atuação correta no ambiente da nova mídia com um modelo de negócio eficiente. Nem é solução achar que a nova broad- castização enquanto tal definiria o movimento em rede. Assim como alguémpode difundir umconteúdo qualquer de forma unívoca, de uma sómão, o fatode esse conteúdo estar em alguma plataforma – num blog, num site, no Facebook, no Twitter ou no YouTube – implica que está lá pronto para ser pesquisado, ana- lisado, copiado, distribuído, refeito, distorcido, exagerado, comentado, compartilhado. Tudo bem, reconheça-se que a internet se tornou igualmente uma fábrica de notícias falsas emdimen- sões estratosféricas. Contudo, ao mesmo tempo, protagonizou-seuma formidável aceitação das platafor- mas por toda a humanidade – seja para distribuir conteúdo honesto, seja para espalhar conteúdo deso- nesto. Assim como a humanidade nunca se livrou dos boatos que exis- tiamantes da internet, tambémnão vai se livrar tão facilmente das notí- cias falsas escaláveis em rede. Leão Serva parte da ideia equivo- cada segundoaqual uma informação se tornaunidirecional naredeporque vem de uma única fonte que usa os algoritmos para enviá-la para ende- reços únicos. No entanto, esquecede dizer que as pessoas podem copiar e compartilhar informações e opi- niões a granel nas redes (sem falar nos robôs, que multiplicam expo- nencialmente qualquer publicação) na forma de posts, memes, áudios e vídeos e fazer o que bem entender como conteúdo copiado, muitas das vezestransformando-oporcompleto. Dessa forma, não é um ambiente unidirecional. É interativoemultidi- recional. Ou seja, umamesma infor- mação é compartilhada, redundada, retrabalhada e remexida profusa- SHUTTERSTOCK
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