Revista de Jornalismo ESPM

REVISTA DE JORNALISMO ESPM | CJR 21 Center for Digital Journalism e do International Center for Journalists, que fizeram uma sondagem épica de trabalhadores do jornalismo na esteira da pandemia, retratam uma classe profissionalmente cansada, mas determinada. Esse espírito foi levado às redações (no Los Ange- les Times , no Washington Post , no Philadelphia Inquirer , na NPR e em outrosmeios), onde jornalistas pas- sarama questionar superiores sobre a exclusão de negros, latinx, indíge- nas e outras pessoas de cor—exclu- são tantocomoautores quantocomo opúblicopara oqual se escreve. Essa frustração vem de décadas. A dife- rença, agora, é o papel de sindicatos na codificação de promessas para “melhorar”. Também precisamos de novos modelos de negócios da mídia. Pri- meiro veio o conglomerado jornalís- tico, depois a rede, seguidos do pri- vate equity e de fundos de hedge. Hoje, todos passam por apertos. O futuro próximo trará novos experi- mentos e novos reis. Entre os can- didatos, alguns já são conhecidos, como mostra Savannah Jacobson emuma série de infográficos. “Essa reviravolta no setor, que de negó- cio movido a publicidade passou a depender de assinantes e benfeito- res, tem consequências importan- tes para o formato e a legitimidade do jornalismo”, afirma Jacobson. “Ao conferir quem está investindo emquê, é possível ver o que parece mais promissor – e o que ameaça abalar a independência jornalís- tica”, conclui. A era Trump pôs à prova, e basi- camente desmentiu, a tese de que um meio qualquer de comunica- ção, e aliás qualquer jornalista, pode ser totalmente. E, pensando bem, pode ser algo bom, uma gui- nada rumo à transparência que reconheça a subjetividade do indi- víduo. Ao mesmo tempo, vemos cada vez mais textos de opinião, em um movimento liderado pelo New York Times . “A notícia é algo comoditizado e todo meio está desesperado para se diferenciar; a análise opinativa virou uma pro- posta de valor fundamental”, asse- gura Adam Piore. Às vezes, auto- res desses textos criamum vínculo profundo com o leitor, levando-o a pagar pelo jornalismo; já quando a opinião é incendiária, ofensiva ou infundada, o efeito é o oposto. Hámuitomais, incluindo a literal transição da vida na redação para o trabalho remoto. É como diz a jor- nalista RuthMargalit: “Assimcomo jornais erraramno passado ao achar que o digital significava simples- mente subir omaterial do impresso no site, um relatório da Internatio- nal News Media Association revela que o risco agora é que dirigentes de veículos de imprensa achem que o jornalismo remoto pode dar certo coma simplesmudança da localiza- ção damesa de trabalho”. Hámuito mais ajustes a fazer. AgoraéhoradedeixarTrumppara trás e ir enfrentar os grandes desa- fios do jornalismo. E assim, com o fim do governo mais nocivamente anti-imprensadahistóriaamericana, nossa reinvenção começa. A revita- lização da imprensa certamente vai fascinar a nação—pois será coberta e vivida por aqueles que a narram! ■ kyle pope é editor-chefe e publisher da Columbia Journalism Review

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