Revista de Jornalismo ESPM

REVISTA DE JORNALISMO ESPM | CJR 27 BillBishopfoioprimeiroaingressarnoSubstackcomsuaSinocism.Hoje,anewslettermaispopulardaplataformaéaconservadora“TheDispatch” çãodoBuzzFeed, onde cobriabeleza comumolhar para raça, identidade, diversidade e representação interse- cional para públicos sub-represen- tados. Sua experiência lá fora ruim; depois de uma leva de cortes, tinha passado a trabalhar emumesquema de content farm ; o novo chefe dava zero apoio. Sua sensação é que não haviamuita opçãopara ela na indús- tria da mídia (“Para onde podemos ir, como jornalistas negros?”, ques- tionava em voz alta). Resolveu sair para buscar outros rumos. No fim, decidiu trabalhar sópara elamesma. Carreira solo Naturalmente, isso temsuas desvan- tagens. A vida do freelance é de iso- lamento. Peck logo descobriria que produzir uma newsletter pode ser umtrabalho árduo. Já que aCorona- virus News for Black Folks dá links para outros conteúdos, é preciso ler muito–pordiasa fio, dependendodo ritmo. Otrabalhode editar, compilar e redigir requer disciplina; às vezes, a jornalista vara a noite para fechar uma edição. E, fora isso, ainda há a produção e todo o resto. Aos poucos, Peckfoidiminuindooritmo, soltando boletins um punhado de vezes ao mês. “Precisocriar gráficos no Insta- gram, tuitar, fazer oque for parapro- mover omaterial”, conta. “Quemfaz tudo sou eu. No fim, é exaustivo e a newsletter não sai coma frequência que eu gostaria.” A vida em meio à pandemia só complicava o trabalho: no primeiro semestredoano,Peckcomeçouapas- sarmetadedotempoemLosAngeles, onde seucompanheiroachara traba- lho. Seguiaproduzindo anewsletter, semdireitoafolgas.Escreveusobreos efeitosdapandemianoCaribe, sobre umtrabalhadordefarmáciacujosalá- riodava sópara sobreviver eoadicio- nal de insalubridade era uma piada. Onúmerode assinantes crescia,mas Peck percebeu que pela intensidade do trabalho, e o fato de ter de fazer tudo sozinha, não demoraria muito para ficar esgotada. Escrever costuma ser uma ati- vidade individualista, mas o jorna- lismo é uma empreitada coletiva. E esse éoparadoxodoSubstack: éuma maneiradeescapardeuma redação– e do racismo, do assédio ou do capi- talismo de “abutre” lá encontrado –, mas é um desgarre completo. “Tra- balho de 50 a 60 horas por semana”, comentaAtkin, daHeated. “Émuito.” Harvin, da newsletter Beauty IRL, disse sentir falta da infraestrutura – jurídica e editorial – de um veículo tradicional. “Sei perfeitamente o valor de ter alguém com quem tro- car ideias, alguémque te questione. “Não gosto de escrever emumvazio e diria que é disso que mais sinto falta.”KelseyMcKinney, uma jorna- lista cujo Substack literário,Written Out, gerou cerca de um terço de sua renda na pandemia, não faz reporta- gens para o boletimdevido à falta de apoio jurídico e editorial. Para quem trabalha só, fazer jornalismo investi- gativo parece particularmente difí- REPRODUÇÃO REPRODUÇÃO

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