Revista de Jornalismo ESPM
34 JANEIRO | JUNHO 2021 Canais de vídeo financiados pelo públicoparecemumaideiafascinante: apoiodiretoasuapersonalidadefavo- ritanoYouTube.Mas éumrelaciona- mento intenso e que complica a dinâ- micaentreocomentaristaeoconsumi- dordenotícias—poisapessoanãoestá pagandoporumjornalismoavalizado, masporopinião.DavidCraig,professor associadodecomunicaçãonaAnnen- berg School (University of Southern California),dizqueassistiracomentá- riosnoYouTubepodedistorcer aper- cepçãodainformaçãopeloespectador: “Algunsdiriamque,noYouTube,oque estásendoditoimportamenosdoque comoestásendodito”.Lealdadescres- cem, opiniões enrijecem. ParayoutubersqueusamoPatreon parabancarvídeos, háumincentivoa mais paramanter opúblico satisfeito –e,quemsabe,atéadequaroconteúdo ao gosto dos fãs. Essa câmara de eco inclui outrasmídias ainda: youtubers tambématuamcomo influenciado- res, arrastandoseguidoresparaoIns- tagram e o Twitter, onde se promo- veme interagemcomopúblico. Dis- tância crítica é impossível – e inten- cionalmente indesejável. “O apelo do YouTube de opinião é a possibilidade de encontrar uma figura de quem você goste, talvez alguémquevocêgostariade tercomo amigo, epoderouvir essapessoa falar de coisas que você acha interessan- tes e talvez aprender com isso”, diz Ferguson. Astros nesse universo são uma combinação de exemplo a seguir, jornalista e amigo – ajudam a pessoa a se manter informada de umjeitodivertidoe fácil deentender. Livredomofadopretextode obje- tividadedeparteda imprensa, canais de opinião noYouTube são voltados a um público de gente jovem que, familiarizada com os despojos da internet, busca vínculos humanos. Para esse espectador, esses vídeos podem ser o principal meio de con- tato com a notícia. “Sou, definitiva- mente, atraída pela personalidade dos youtubers que assisto, não só pelo conteúdo”, assegura Yasemin Losee, 22, universitáriaeespectadora fiel de canais como Ready to Glare e ContraPoints . “Busco criadores que tenhamvalores parecidos aosmeus ou comquemeu possame envolver no plano intelectual. Se tivermos a mesma estética, melhor ainda.” ■ mary retta tem uma coluna sobre educação na Teen Vogue e faz frilas para Vice , The Nation , Bitch Media e outros veículos. Seu trabalho também aparece no Twitter: @mary__retta. “Alguns diriam que, no YouTube, o que está sendo dito importa menos do que como está sendo dito. O fato é que nas redes sociais, enquanto lealdades crescem, opiniões enrijecem” Texto publicado na edição impressa da Columbia Journalism Review (winter 2020), disponível emwww.cjr.org SHUTTERSTOCK.COM
Made with FlippingBook
RkJQdWJsaXNoZXIy NDQ1MTY1