Revista de Jornalismo ESPM

REVISTA DE JORNALISMO ESPM | CJR 43 dispensadores de sabonete líquido automático”. Parte do pessoal vai manter horá- rios escalonadosparaevitarmomen- tos de pico de aglomeração; outros optarão por vir só um ou dois dias porsemanaoucontinuaratrabalharo tempotododecasa.MicheleMatassa Flores, editora-executiva do Seattle Times , espera“muitodasalternativas acima”.ACondéNast sepreparapara umêxodo: a empresa calcula que até 70% de seus quadros vão optar por alguma forma de trabalho remoto. Uma forçade trabalhosemescritório promete ser uma característica defi- nidora da vida pós-pandemia. Em2018, cerca de 3%da força de trabalho americana usava esquemas de teletrabalho em tempo integral; hoje, são 42% – e tudo indica que a transformação no jornalismo será fundamental. Um trabalho antes ancorado em um lugar específico hojepode ser feitode qualquer lugar com um wi-fi decente e uma certa capacidade de improviso. Para Doug Dunbar, âncora da KTVT, afiliada da CBS em Dallas, apresentar onoticiáriohoje significa que, três vezes por dia, ele mesmo passa póno rosto, ajeita uma câmera Sonyno tripé, colocaumaparelhode feedback e o teleprompter em uma “mesinhadecentro”, projetagráficos que lhe mandam por e-mail na tela de um televisor, acende três lâmpa- das LED e uma ring light que foi o “presentedeNatal daminha filhano ano passado, para os vídeos dela no TikTok”, e entra no ar. Dunbar, 56, fez carreira em uma “redação sin- dicalizada”, diz ele, na qual “repór- teres estavam proibidos de tocar na câmera e, se o fizessem, podiam ter problemas”.Desdemarçode2020,ele apresentaotelejornaldaprópriacasa, onde um notebook ligado no Zoom faz as vezes do monitor do estúdio. Se a conexão do Zoom cai no meio da transmissão, como já aconteceu várias vezes, a conexão com o estú- dio é cortada e é “como estar ao vivo, em campo, cobrindo um tornado”. Ele diz que está se virandobem,mas que sente faltado estúdio. “Achoque muita gente sente conforto nisso – nós, que damos a notícia, e também opúblico que nos assiste. Como será no futuro o restante do jornalismo é uma questão em aberto, pois todos já provamos que somos capazes de fazer o que for preciso.” A arte do improviso Transmitir de casa confere ao jor- nalistaumacertaautenticidade–essa coisa de “estamos todos no mesmo barco” –, explica Usher. Ela alerta, no entanto, que a certa altura isso poderia levar o telespectador a per- der confiança na fonte de notícias. “Apresença física importa. Apresen- tar de casa, por Zoom, traz umrisco de deslegitimação.” Ela teme que o espectador possa estar assistindo e pensando: “Se está dando a notícia de casa, qual a diferença entre você e eu?”. E a verdade, é claro, é que não há diferença. Quemnão lembra da entrevista na BBC comumespe- cialista em Coreia do Sul que vira- lizou quando os filhinhos irrompe- ram na sala? E o repórter espanhol interrompido nomeio de uma notí- ciaquandoumamulher seminuapas- sou displicentemente ao fundo? (e não era a mulher dele, observaram alguns telespectadores). É como ARQUIVO CJR ...até que com a pandemia, em 2020, acabaram sendo substituídas por um canto da casa dos jornalistas em home office ARQUIVO CJR

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