Revista de Jornalismo ESPM

REVISTA DE JORNALISMO ESPM | CJR 53 ele entende da maioria das reporta- gens sobre economia, por exemplo. Atéqueo tsunami das redes sociais chegouparadestruiralgumascertezas e abrir a caixa de Pandora. “O jorna- lismo não estavamais sozinho como fontede informação–e, apesarde ter natureza e regraspróprias, entrouno mesmopacotedoque a gente chama de ‘conteúdo’. Ecomeçamos adispu- taraatençãodaspessoascompublici- dade, conteúdopatrocinado, entrete- nimento,memes,WhatsApps...Deve- ria ter sido um sinal de alerta, não?” Sim,#sqn!Agrande imprensacon- tinuou apostando em velhas fórmu- las de propagar as notícias, enquanto blogueiros, vlogueiros, influencers e outros seres do novo ecossistema da informaçãoganhavamaudiênciasoba formade seguidores. “E, ainda assim, muitosjornalistas,aindadoaltodeseu pedestal, ignoraramoumenospreza- ramas revoluções em termos de pla- taforma,linguagem,narrativas,emba- lados pela segurança (real) de pautar bem, reportar bem, editar bemepro- duzir informação de qualidade. Pena que, como diria Garrincha, não com- binaramcomos russos...”, brincaTar- quini,citandocomoexemplooyoutu- berWhindersonNunes, que tem40,3 milhões de inscritos em seu canal do YouTube(commaisdetrêsbilhõesde visualizações) e quase 16 milhões de seguidores no Instagram. Para efeito de comparação, um dos maiores jor- nais do mundo, o New York Times , chegou este ano a 7,5milhões de assi- nantes digitais. “Por favor, não estou comparando o que uminfluencer faz com o conteúdo do New York Yimes . Porémsó cheguei até aqui para justi- ficarmeuespantodiantedapergunta ‘o que é jornalismo?’. Se a gente pre- cisa mesmo explicar, é porque não Globo; LuísErnestoLacombe saiuda Band; e Boris Casoy deixou de inte- grar a equipe da RedeTV. “ Eagora, Jose? ”Como fazer jorna- lismode qualidade sema infraestru- tura e o suporte jurídico e financeiro dos grandes gruposdecomunicação? “Asoluçãoéinvestirnaformaçãode jornalistascompensamentoempreen- dedor, que saiam da faculdade pron- tos para tocar seupróprionegóciode mídia!”, asseguraJorgeTarquini, que foi diretor da Quatro Rodas na época deourodaEditoraAbril ehádezanos lecionaadisciplinadeEmpreendedo- rismo eGestãodeNegócios deMídia no curso de Jornalismo da ESPM. Para ele, é fácil entender as cau- sas que nos levaramà situação atual: “Durante muito tempo, a arte de informar foi interpretada como um salvo-conduto para a arrogância de quem tinha o simples dever de tra- duzir omundo, contando os aconte- cimentos cotidianos paraos demais”, explica o professor. “Por não enten- dermos que não se faz jornalismo para o coleguinha ou para nós mes- mos, tornamos o resultado de nosso trabalho algo que nãodialogava com quemestavana outra ponta da infor- mação: nossos leitores, nossos ouvin- tes,nossostelespectadores...Oabismo entre ‘nós’ e ‘eles’ só fazia crescer.” E foi assimqueos jornalistas assu- miram o papel de “seres que deti- nham o conhecimento do mundo”, mesmo sabendoque grandepartedo seu público não conseguia interpre- tar asmensagens corretamente. Para confirmar a tese de Tarquini, basta perguntar a umcidadãomédiooque SHUTTERSTOCK.COM

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