Revista de Jornalismo ESPM

54 JANEIRO | JUNHO 2021 estamos mesmo dialogando com as pessoas. Talvez, no dia em que não for mais preciso explicar o que é jor- nalismo, a gente entrenovamenteno jogo!”, conclui Tarquini. Jornalismo em pauta Sim, estamosemdesvantagem,masa partidaaindanãoestáperdida!Ocres- cimentodeiniciativascomoAZMina, Nexo,Lupa,Énois,Poder360 etantos outrosprojetosquesurgiramnosúlti- mosanoséograndeindicativodeque o futuro passa pelo jornalismo inde- pendente ( ver quadro na página 56 ). Em outra frente, é cada vez maior onúmerode jornalistas quedeixama grande imprensa para seguir carreira solo no universo das mídias digitais. MaraLuquetéumexemplo.Jornalista especializadaemfinançaseeconomia, elafezcarreiranostelejornaisdaGlobo, alémdetrabalharno ValorEconômico , na FolhadeS.Paulo , nasrevistas Veja e Exame enarádioCBN.Em2018,elafir- mouumaparceriacomAntonioTabet, criadordoPortadosFundos, e lançou o MyNews, um canal de jornalismo independente que no ano seguinte foi considerado referência mundial emjornalismonoYouTube e recebeu umaportefinanceirodoFundodeIno- vação do Google. “Sempre falei para o Tabet que eu queria fazer no jorna- lismooqueoPortadosFundos fezno humor. Vinhaplanejando issohádois anos. E estava segura quando tomei a decisãode sairdaGlobo.Hoje, depois detrêsanosdeMyNews,possoafirmar: empreendernoBrasilédifícil,masnão impossível!”, asseguraMara, que tem maisde500milinscritosemseucanal. “Aoladodasfintechs,dashealthtechs, das bigtechs, enfim, de tantas empre- sas de diferentes áreas que se benefi- ciaramcomasnovastecnologias,estão asnewstechs.Nósacreditamosmuito nessa nova área do jornalismo profis- sional e não estamos sós”, comenta a profissional,citandoocasedoMedia- part, umcanal francês criado por jor- nalistasquedeixaramaredaçãodo Le Monde paraempreendernomeiodigi- tal. “Eles receberamumaporte inicial deinvestidorese,passadostrêsanos,a operação já apresentava lucro.” Ementrevista aoMyNews, Edwy Plenel, umdos fundadoresdoMedia- part, contaquedepoisdeumadécada deresultadoscrescentes, ocanal che- gou a um lucro líquido de mais de 2 milhões de euros. “Os investidores iniciais venderamsuasparticipações depois de cincoanos comretornode 20%aoanoemeuros!”, afirmaMara, ressaltando que as mídias digitais abrirammuitosmercadosparaos jor- nalistas independentes. “Esta é uma atividadenecessáriaparaoexercício da democracia. Aapuraçãoda infor- maçãoverdadeira, aanálisebemfeita dos fatos, a prática correta do jorna- lismo é capazde transformar vidas e até mesmomudar o destino de toda uma sociedade. Afinal, é somente pormeio do jornalismo comprome- tido e correto que vamos conseguir combater a pandemia de fake news que assola o país. “Mas, para sermos bem-sucedidos, precisamos desmi- tificar esse pensamento arraigado de que o jornalismo não pode ser uma atividade rentável”, assegura Mara,queatualmentecontacomuma equipe de 30profissionais para pro- duzir 150 vídeos por mês. Nos últi- mos três meses, o conteúdo do seu canal registrou um crescimento de 20%, com738.054horasdeexibição/ mês equatromilhões de views/mês. Depois de 15 anos comentando notícias na Folha de S.Paulo , no Estado de S.Paulo e em programas da Jovem Pan, GloboNews e da TV Cultura , o historiador e comenta- rista políticoMarco Antonio Villas também decidiu apostar nas redes sociais para amplificar suas críticas e análises contundentes emdefesa da democracia, da liberdade e da Constituição. “Visamos a plurari- dade, buscando sempre o caminho da história para produzir conteúdo que estimule uma reflexão qualifi- cada. No campo da economia, por exemplo, apresentamos todas as perspectivas ao entrevistar de Del- ENQUANTO ISSO NO BRASIL... “Pornãoentendermosquenãose faz jornalismoparaocoleguinha ouparanósmesmos, tornamosoresultadodenossotrabalhoalgo quenãodialogavacomquemestavanaoutrapontada informação”

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