Revista de Jornalismo ESPM - 28

10 JULHO | DEZEMBRO 2021 Asatribuiçõesdasmarcasdemídia transcendem as tarefas de informar, entreter e oferecer conteúdos para consumidores e momentos de atenção para os anunciantes, e incluem responsabilidades em relação à democracia, cidadania, transparência e inclusão. Nessas quatros palavras reside a chave para um futuro provável do jornalismo democrático, inclusivo, transparente e cidadão. O que aprendemos nessa última década é que, tal qual acontece com os vírus, as notícias são repercutidas pelos indivíduos em larga escala. O consumidor define o que é verdade e os mecanismos de controle que vêm sendo criados para controlar a disseminação das “fake news” estão fadados ao fracasso, porque baseados no falso paradoxo “verdade x mentira”. Nada é absolutamente verdadeiro ou falso, e o ímpeto participativo da sociedade não pode ser refreado sem o comprometimento dos princípios democráticos. Há que se convidar o consumidor a participar do processo informativo, como consumidor-produtor (“prosumer”). Trustin – seu próximo jornal Em2005, eu fui convidadopara falar emumcongressodaWAN(AssociaçãoMundial de Jornais) sobre como seria o jornal do futuro. Na ocasião, apresentei um “jornal-conceito”, o Trustin, uma rede confiável de informações. Reproduzo aqui sua descrição, tal qual apresentei nocongresso: “Na próxima década, amaioria dos cidadãosdomundo ‘civilizado’ teráum dispositivo de comunicação portátil capaz de gravar som e imagem (telefone celular, de mão ou similar), com acesso à internet. O desejo de ser protagonistaeanecessidadedecontrolaro fluxodeinformaçõesserãoconsolidados. OTrustin é umjornal-conceito que pode ser desenvolvido por qualquer grande editora comumamarca sólida, comcapacidade de investimento e flexibilidade operacional. Atua como um gerenciador de fluxo de informações eficiente, obtido principalmente por meio de uma rede cooperativa global, recebendo continuamente informações relevantes de colaboradores em todo o mundo a partir de seus dispositivos portáteis. A equipe de jornalistas residentes, apoiada em sistemas inteligentes que organizam e verificam automaticamente a consistência das informações, qualifica e complementa o que é recebido, autorizando o acesso à comunidade de leitores. Esta equipe não se limitará às fontes colaborativas, embora estas representem mais de 70% das informações obtidas em seu banco de dados. Também atuará de forma proativa na busca de informações, escrevendo jornalismo, investigando e configurando agências de notícias, incorporando informações exclusivas ao banco de dados. Essas informações são complementadas por laudos analíticos e pela opinião de especialistas residentes ou contratados. Trustin é a plataforma de acesso global às informações estocadas, alimentadas edisponibilizadas emtempo real aos assinantes emseus dispositivos portáteis, notebooks ou desktops. Com diferentes níveis de acesso e total possibilidade de personalização, a plataforma cumpre o seu objetivo de oferecer um jornal comunitário, étnico, especializado, local, regional ou global, aos gostos particulares do cliente, realizado em tempo real. Além disso, uma versão impressa sintética do Trustin pode ser obtida em estandes de impressão, distribuídos localmente empontos específicos. A heterogeneidade dos colaboradores garante a extensão das informações. Executivos, políticos, profissionais liberais em todas as áreas do conhecimento, bem como a população em geral, interagem continuamente como sistemade formapessoal ou institucional (pormeio de assinatura da empresa). OeditorresponsáveldoTrustinanalisao conteúdo. Os assinantes, apublicidade e a intermediação de conta- “A credibilidade dos grandes veículos é contestada enquanto os pequenos, segmentados por valores defendidos por comunidades dinâmicas, ganham influência, justamente por serem tendenciosos”

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