REVISTA DE JORNALISMO ESPM | CJR 17 ILUSTRAÇÃO: ANDRÉ BARROSO/FOTOARENA estão no local de trabalho onde recebem a edição impressa da revista, concluímos que não fazia sentido enviar algo que jamais veriam. Mas, como costuma acontecer com ideias como essa, o que partiu como uma solução provisória logo virou muito mais que isso. Sou especialmente grato a Betsy Morays, editora-executiva da CJR, e à equipe da Point Five, a firma que desenha a revista, que abraçaram o desafio de criar algo que até então nunca tinha sido feito. Para tratar do assunto em pauta, e honrar os novos modelos de narrativa que constituem a mídia hoje em dia, estamos empregando uma série de formatos: nos próximos dias, além de grandes reportagens e colunas em forma de texto, você verá conteúdo em áudio, material interativo, uma série de diários e uma história em quadrinhos – tudo de um grupo variadíssimo de colaboradores e personagens. A esperança é que, ao explorar as fronteiras de nossa profissão – onde o jornalismo encontra a arte, a organização comunitária, o humor e a conspiração —, possamos encontrar inspiração e traçar limites importantes. De certo modo, esse projeto dá seguimento a um tema que tem consumido nossa atenção há mais de um ano, quando a CJR organizou um simpósio on-line entre os dias 15 e 16 de setembro de 2020, na esteira de manifestações antirracismo que ocorriam na época. No evento (“The New Journalism: Rethinking the News”), falamos sobre como o jornalismo deveria mudar. Em dezembro do ano passado, lançamos uma edição impressa que chamamos de “What Now?”, mostrando como a indústria da mídia vinha sendo obrigada a se reinventar. Com “O que é jornalismo?”, vamos ainda mais fundo nesse questionamento sobre nossa atividade – tanto que nos referimos a isso como “A questão existencial”. Perguntamos: quem disse que não podemos dar a notícia por livestreaming, por frequência de rádio pirata ou por mensagem de texto? Por que o trabalho jornalístico não deveria ser belo? Precisamos sempre revelar nossa identidade? O que é a verdade e como ter certeza de que a conhecemos? E por que alguém realmente precisaria de uma credencial de imprensa? O último ano – a última década, na verdade – foi difícil para nossa profissão. Milhares de colegas perderam o emprego; dezenas de meios fecharam; milhões de leitores partiram para outra. E a triste realidade é que é quase garantido que mais notícias difíceis virão, com o impacto econômico da pandemia se revelando em sua totalidade. Em meio aos destroços, no entanto, é possível encontrar rastros de otimismo. Chegamos a um momento crucial e promissor, no qual é preciso reconceber a natureza do setor. É uma oportunidade para fazer nada menos do que reinventar o jornalismo. ■ kyle pope é editor-chefe e publisher da Columbia Journalism Review Texto publicado na edição impressa da Columbia Journalism Review (spring 2021), disponível emwww.cjr.org
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