REVISTA DE JORNALISMO ESPM | CJR 29 tem é a difusão de tantos vídeos.” Grandesveículosdaimprensaparecemtermais facilidadeparamonetizar seu conteúdo, comenta Socolow, pois “o YouTube ganha muito mais dinheiroexplorando a identidadeda marcaCNNpara faturarcomnotícias doquecomumusuárioaleatórioqualquer”. Em 2018, no upfront do YouTubenão figurava genteque chegara à fama pela plataforma, mas celebridades como Ariana Grande e Demi Lovato. “O YouTube está inevitavelmente rumandopara algoparecidoà televisão,masnuncaavisouseuscriadores”, salientaJamieCohen, professor de novas mídias na Molloy College, ao USA Today. Quando o The Verge cobriu essa tendência, o YouTubedeuumadeclaraçãopós-publicação: “Nossa estratégia central de conteúdo e investimento continua focada em nossos criadores endêmicos”. Mas a tese do The Verge foi confirmada: a “comunidade” se sentia relegada. OfatodeDeFrancoaindaserconsideradoum“usuárioaleatório”, apesar deseusmilhõesdeassinantes, omotivoua seafastardaplataformaque lhe alçouao estrelato emprimeiro lugar. “Estou cansado de tentar trabalhar com o padrasto alcoólatra e negligente que é o YouTube”, reclamou DeFrancoem2018, ao anunciar uma expansão da Rogue Rocket. “A essa altura, não faz realmente nenhuma diferençasevocêestá jogandoocarro contra uma árvore de propósito ou só porque dormiu no volante.” No começodoano seguinte, ele lançouo site Rogue Rocket – completamente desligadodoYouTubeecomumtime completo–comverticaissobreassuntosnacionais, internacionais,negócios emundoartístico. Alémdisso, começoua criar ocanal RogueRocket, por meio do qual pretendia abrir espaço a gente que desse sua própria visão sobre os fatos: sobre a misoginia na Victoria’s Secret, sobre a polêmica envolvendo o reboot da série Lizzie McGuire. A Covid paralisou vídeos de protégés, pelomenos por ora. Em maio de 2020, 15 funcionários do DeFranco foramdemitidos, embora o site continue a ser atualizado sobre temas tão variados quanto o pacote deestímulo, umamulherqueaplicou Gorilla Glue semquerer no cabelo e protestos emMianmar – tudo redigido no estilo de pílulas de notícias dositeAxios ecomo tomsériodeum material explicativo da Vox. Se DeFranco vai conseguir manter o sucesso sema plataforma que o YouTube oferece, ninguémsabe. Seu público irá atrás dele? Ou será que seguiu fiel até aqui simplesmente porque ele é o nome que pipoca quando abrem sua página inicial no YouTube? DeFranco tambémpode topar com desafios de escala: uma operaçãomais extensa, commaterial redigido e apresentado por gente da equipe, poderiadiluir a credibilidade pessoal sobre a qual ele ergueu seu negócio principal. Pode, sim, acontecer de a pessoa crescer demais e interpretarmal o que o público realmente quer – que, no final das contas, não é nada muito elaborado: “A sensação é tipo: ‘ah, essa é uma boa maneira de reforçar o que já estou recebendo de outras fontes de notícias’. De um jeito que é bacana e que diverte”, assegura Allison De Jong, que figura entre os seguidores de DeFranco. ■ clare malone é jornalista freelancer com passagens pela The New Yorker e The American Prospect RogueRocket, o novo projeto de DeFranco, tem taxa de assinatura de US$ 4,99 ao mês
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