REVISTA DE JORNALISMO ESPM | CJR 3 EDITORIAL Todos têmdireito a suas manias. Aminha – ao escrever umtextoparapublicação–é abrir oprimeiroespaço com uma citação. Talvez seja por insegurança, ou – ao contrário – para mostrar que celebridades apoiam as minhas opiniões. Nosso best-seller surpreendeu-me coma quantidade de frases suas nos sites de citações. Indiscutivelmente, elemostracompetêncianousodessas armas: aspalavras. Otemadenossa revista soueu, vocêeumaboaquantidadede outros leitores: o jornalista. Apalavra sofreuum choque semântico na França, que acrescentou o dia – le jour – à atividade que, na época, divulgava o que se passava no mundo, dia após dia. Na marca do Estadão paulista identificamos um jornalista mais antigo: o arauto, que também subsiste nos jornais em língua inglesa que temHerald, no título. Chegando ao fimde uma fase catastrófica e surpreendente no segundo milênio das gerações contemporâneas, todos se perguntam: E agora? Peço perdão a todos os profissionais que vão sofrer alguma coisa com o novo normal. Nada – rigorosamente nada – mudou tanto desde o início da civilização quanto a comunicação. Neste ano de 2021, em todo o planeta, somos poucomenos de oito bilhões e 90%de todos têmacesso a algumequipamento eletrônico de comunicação: celulares, mobiles, smartphones, deepfakes, etc. Dentro de pouco tempo, esse número chegará a 100%. Uma parcela cada vez menor se informa pelos grandes veículos, que se tornam cada vez menores. Nossos colaboradores, de Columbia e da ESPM, fazem refleA arma mais poderosa “entre todas as armas de destruição inventadas pelo homem, a mais terrível e a mais destrutiva é a palavra.” Paulo Coelho xões importantes sobre o que muda edevemudaraindamaisnaprofissao de jornalista. Chamo atenção para o cartumdo studiostoks publicadonas páginas 16 e 17. Flavio Ferrari resume em quatro os nossos compromissos: democracia, cidadania, transparênciae inclusão. Emily Bell chama atenção para a responsabilidade das empresas de tecnologia–nemsempre respeitada –ea importânciade investigarasorigens de todas as informações. Clare Malone traça um perceptivo perfil dosnovosyoutubers.Eaproliferação meteóricadeemissoresdecomunicação, que criamsuas instituições com pouco, ou nenhum, investimento. Sejam um único indivíduo, ou um grupo, nunca se descrevem como “jornalistas”. Nessa área, o jornalismo compartilha com muitas outras atividades um dos problemas-chave da economia: adistribuição.OartigodeSavannahJacobsonnesse sentido é esclarecedor. Umassuntopoucoabordadoéenfrentadocomgalhardia por Joshua Hunt: o jornalista é, muitas vezes, compelido a desrespeitar as leis e a correr reais perigos de vida para realizar projetos de jornalismo investigativo. Deepfake é palavra nova entre nós – pois depende de tecnologia sofisticada. Mas SimonV. Z. Wood descreve, emdetalhes, comoseriapossívelproduzirumfilmeestreladoporTomCruise semqualquer participaçãopresencial do ator... E coisas piores. Nosso professor Rodrigo Piscitelli colabora com um texto bastante útil, mostrando as diferenças entre notícia, propaganda, publicidade e opinião. Há tambémum relato sobre o nosso 5º Seminário Internacional, com uma entrevista com Elena Cabral, assistente da reitoria da Columbia University. E, como de hábito, as resenhas de livros eumespecial sobre apesquisadaTVCultura que aponta os principais hábitos demídia nos lares brasileiros. Sobre a comunicação como “arma” poderosa, penso como Paulo Coelho: a recente crise deixou amostras do poder que pode exercer no mundo presente. j. roberto whitaker penteado Editor
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