REVISTA DE JORNALISMO ESPM | CJR 7 Sea relevânciadamídia jáéevidenciadanoatual contextodacomunicação, seupapel numasociedadepós-realidade torna-se imprescindível SHUTTERSTOCK.COM Capitalismo, democracia e liberdade Não pretendo me aprofundar aqui no debate político-social instigado por Debord, embora recomende a leitura de seu livro. Mas creio que é importante estarmos conscientes de quea lógicacapitalistaéautossustentável, ummecanismo que funciona de forma independentedas vontades individuais e que, de fato, promove as atitudes perpetuantes que, num regimedemocrático, temos liberdade para praticar (a possível correlação do leitor com a série OMecanismo, de José Padilha e Elena Soarez, terá sido mera coincidência). Umjornalista que deseja disseminar a verdade dos fatos precisa ter recursos para apurá-la e meios para difundi-la. E, para ser escutado (com a devida atenção), precisa ter boa reputação. Quem determina como conseguir o necessário é a lógica do espetáculo da sociedade capitalista. Conscienteou inconscientemente, o jornalista precisará decidir se irá render-se às regras do jogo espetacular ou limitar a distribuição de suas verdades para poucos. A mídia que acompanhamos é a que sobrevive, porque sabe jogar. Nãohá qualquer juízode valor nessa observação. Trata-se de uma verdade, ainda que contestável. Falando sobre reputação... Na sociedadedo espetáculo, reputação é tudo. Mas o que é reputação? Abordei essa questão em um capítulo do livro Reputação (Editora Leader, 2021), do qual fui um dos coautores. A filosofia há muito se debruça sobre as questões relacionadas à realidade e à percepção. Numa concepção kantiana, podemos dizer que a organização e suas marcas são a realidade em si e que os contatos do consumidor comessa realidade, nos diferentesmomentos e situações, são os fenômenos cognitivos que constroem a percepção do objeto (marca ou organização) e, portanto, sua reputação. A compreensão e aceitação dessa lógica, apriori, daconvergênciaentre a experiência e a razão, é essencial quando falamos de reputação. Quaisquer que sejam os modelos emétricas utilizados para representar e avaliar a reputação corporativa, ou damarca, o objeto de estudo será o conjunto dessas ideias concebidas e projetadas pelo indivíduo. O elemento básico construtivo da reputação, portanto, é a opinião individual.
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