Revista de Jornalismo ESPM

14 JANEIRO | JUNHO 2022 sido obtidas (...) por meio de roubo, suborno ou espionagem. Baltimore Sun – Muito dessa informação a cuja divulgação o presidente se opõe tem sua fonte, na verdade, noprópriogoverno—às vezes, empublicações oficiais, não raro em “vazamentos”. PresidenteKennedy– Detalhessobre preparativossecretosdestanaçãopara combaterpreparativossecretosdoinimigo foram disponibilizados a todo leitor de jornais, aliado ou inimigo. RoscoeDrummond, NewYorkHerald Tribune – Nãohádúvida, creioeu, de quepartedospreparativosda revolução cubana foi divulgada a ponto de dar ao regimedeCastro informações sobre o que estava por vir, quando e como… O governo dos Estados Unidosestava tãoempenhadoemocultar sua ajuda aos invasores cubanos que ogovernonão feznenhumpedidode censura voluntária na cobertura dos fatos pré-invasão. Newsday – Neste caso, a imprensa americana, incluindo nós, tem um grandemea-culpaa fazer. Foi, francamente, umerro, sobtodososaspectos. TurnerCatledge,TheNewYorkTimes – Se há algo que lamento, nesse episódio todo, é não ter começado bem antes a cobertura. Nossa principal obrigaçãoépara comnossos leitores. Eu sequer saberia como interpretar nossa obrigaçãopara comogoverno. NewYorkPost – Será queuma cobertura jornalística mais inquisitiva e ousada—aqui e emCuba—não teria dado (ao presidente) uma noção mais realista das fantasias militares nas quais a invasão foi baseada? James Reston, TheNewYorkTimes – É, de certo modo, lamentável que o presidente Kennedy tenha resolvido levantar esse problema de uma imprensa livre em uma guerra fria imediatamente após o episódio cubano. (...) O problema com a imprensa durante a crise cubana não foi que ela faloudemais,mas que dissemuitopouco. [Aimprensa] sabia o que estava acontecendo antes do desembarque (...), mas tinha muito pouco a dizer sobre a moralidade, a legalidade ou a utilidadeda aventura cubana quando ainda era tempo de detê-la. (...) Emvez disso, foi incentivada a divulgar informações falsas, o que na prática foi o que fez. Presidente Kennedy – Pretendemos assumir total responsabilidade por nossos erros; e esperamos que vocês apontem esses erros quando não enxergarmos. (…) O governo, em todas as esferas, deve cumprir sua obrigação de entregar a vocês a informação mais completa possível fora dos limites mais estritos da segurança nacional. David Kraslow, Miami Herald – E quandoogovernoachar que algoédo interessenacional,masaimprensa,não? Presidente Kennedy – Toda democracia reconhece as limitações impostas pela segurança nacional. (...) A dimensão e a potência, a localização e a natureza de nossas forças e armas foram divulgadas pela imprensa de forma suficiente a satisfazer qualquer potência estrangeira. Os jornais que publicaram essas reportagens são leais, patrióticos, responsáveis e bem-intencionados. Se estivéssemos travando uma guerra aberta, certamente não teriam publicado essa informação. Mas, na ausência de guerra aberta, se submeteram apenas ao teste do Um exército de 1,4 mil jovens – a maioria cubanos exilados treinados pela CIA – compunha a Brigada 2506, que fracassou na tentativa de invadir Cuba, tendo sido derrotada na praia Girón pelas tropas de Fidel Castro, 72 horas após o desembarque na ilha PHOTO 12 / ALAMY / FOTOARENA

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