Revista de Jornalismo ESPM

24 JANEIRO | JUNHO 2022 por kyle pope duranteanos,guardeiumexemplardaediçãode11desetembro de 2001 do New York Times em uma caixa em casa. No alto da primeira página, estampada em quatro colunas, havia uma foto em cores de gente aguardando o início da Semana de Moda de Nova York. Logo abaixo, um texto sobre a onda dos matinais na TV americana. À direita, a matéria principal tratava do embate emWashington sobre um pacote de alívio fiscal. Quando a maioria dos nova-iorquinos finalmente começou a ler aquela edição, sua vida fora transformada. O que parecia importante no dia anterior agora soava absurdo. Pensei muito naquela edição anterior ao 11 de setembro nos últimos dias, enquanto via e lia a cobertura do ataque da Rússia à Ucrânia. Os últimos anos foram difíceis, e ocasionalmente horríveis, para a indústria jornalística – e para canais a cabo em particular. Personalidades detestáveis assumiram o comando dos microfones, que usaram para amplificar brigas mesquinhas. A mídia social, sobretudo o Twitter, virou um editor de pauta, seu discurso polarizado ditando boa parte do ciclo noticioso. Âncoras passaram a se achar comentaristas em vez de repórteres. Todo dia era uma foto em quatro colunas da semana de moda. No fim de fevereiro deste ano, no entanto, alguns dos maiores meios de comunicação do mundo conseguiram se livrar da bagagem da última década e fazer um jornalismo sóbrio, corajoso e relevante. Em meio ao ataque inicial a Kiev, umcorrespondente da CNN, MatthewChance, interNamira damídia A invasão da Ucrânia: hora de abandonar hábitos ruins e investir em jornalismo de qualidade, sério, corajoso e relevante rompeu a transmissão ao vivo do alto de um edifício na capital para poder colocar um colete à prova de balas e um capacete. O jornalista estava nitidamente assustado e confuso, algo raro no noticiário a cabo; Don Lemon precisou pedir que não tapasse o microfone com o colete. Mas também se mostrou completamente humano e empenhado em fazer o trabalho. No dia seguinte, Chance e sua equipe de filmagem assistiram de perto tropas russas reivindicarem o controle de um aeroporto na campanha para tomar Kiev. Um dia depois, nos metrôs da Ucrânia, Clarissa Ward, colega de Chance na CNN, entrevistou gente jovem e pais com filhos pequenos que contavam, em meio a lágrimas, que não tinham ideia de que sua vida daria essa reviravolta. Foi comovente sem ser piegas – e parte importante da história sobre o impacto da guerra em civis. Enquanto isso, em Moscou, Nic Roberson, da CNN, filmava a polícia prendendo manifestantes às dezenas por verbalizar a oposição à guerra. Não era um lugar tranquilo para um correspondente de televisão estar, naquele momento da história, mas era parte importante da história da guerra da Rússia contra a Ucrânia. Nas semanas seguintes, a excelência despontou nos maiores veículos de imprensa dopaís, incluindo no completo boletimdiário do New York Times e no surpreendente fotojornalismo de Tyler Hicks, que parece estar em toda parte, e nas equipes de fact-checking de vídeos

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