26 JANEIRO | JUNHO 2022 por jon allsop meses atrás, davidremnick, editordarevista The New Yorker, publicou uma entrevista feita por e-mail com Dmitry Muratov, seu equivalente no jornal russo Novaya Gazeta, em meio à agenda desde último, “repleta de reuniões editoriais, manifestações de ruas e ligações telefônicas altas horas da noite”. No fim do ano passado, Muratov foi um dos agraciados com o Nobel da Paz, um reconhecimento à bravura de jornalistas mundo afora. Agora, lá estava ele, lutando para cobrir a invasão da Ucrânia por seu país, publicando uma edição em russo e ucraniano e assinando um editorial de capa nas duas línguas classificando a guerra de “loucura”. Muratov previa que o jornal passaria por “um período muito difícil” depois de ter ignorado o alerta de autoridades russas para seguir o discurso do governo. “Recebemos uma ordem de proibir o uso das palavras ‘guerra’, ‘ocupação’, ‘invasão’”, disse a Remnick. “Mas continuamos a chamar a guerra de guerra. E ficamos à espera das consequências.” A Novaya Gazeta não foi o único meio russo independente a receber essa ordem. Ao menos outros nove veículos também receberam. No decorrer daquela semana, o regime de Putin fechou o cerco. O governo bloqueou o site do New Times, que tinha divulgado detalhes de baixas entre as forças russas, e do Current Time, um canal operado pela Radio Free Europe/Radio Liberty (RFE/RL), bancada pelos Estados Unidos. Amídia namira Regime de Putin oblitera a liberdade de imprensa com lei das fake news e os grandes representantes do jornalismo independente na Rússia encerram suas atividades Na sequência, mandou tirar do ar a EkhoMoskvy, estação de rádio com uma trajetória de jornalismo independente que remonta aos últimos dias da União Soviética. Dois dias depois do fechamento, a direção da Ekho decidiu liquidar a rádio, que simplesmente deixou de existir; no mesmo dia, a TV Rain, uma emissora independente bem mais jovem, cujo fechamento também fora decretado pelas autoridades, anunciou ao término de uma última transmissão on-line que estava fechando indefinidamente, antes de cortar para um vídeo do Lago dos Cisnes que a TV estatal soviética colocava no ar em tempos de turbulência política. Mais um dia e um novo golpe: o governo bloqueou o site do Meduza, um meio ARQUIVO CJR /STRINGER / SOPA IMAGES/SIPA USA/SIPA VIA AP IMAGES
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