Revista de Jornalismo ESPM

REVISTA DE JORNALISMO ESPM | CJR 33 amesmadecisão.Algunsestãoficando emuitos estão indoembora. Epensei tantonaSegundaGuerraMundial,nos judeus. Quem sabe eles tambémnão acreditassem. KylePope: Falei comumjornalistado Kiev Independent que estava exatamente onde você está. Ele estava em um carro deixando a cidade. A situaçãodele é diferente, elemoranaUcrânia, éumcara jovem.Mas, disse, estou indo embora, mas não sei se é o certo a fazer. Será que devo voltar? Não sei o que fazer. Sabe, estou lembrando da nossa última conversa e falamos disso, e você tinha a impressão que eu tinha, e quemuita gente tinha, que isso jamais iria acontecer. É absurdo. Agora,mesmodepoisde tudooqueviu e viveu nos últimos dias, você ainda tem dificuldade para assimilar isso? Eleanor Beardsley: Tenho, sim. O Putin realmente perdeu a cabeça, está louco ou coisa parecida, ele não entende aUcrânia de hoje. Eles vivem em uma bolha com telefone ou internet ou algo assim. No primeiro dia eu pensava: é um sonho, isso? Não posso acreditar que isso esteja acontecendo. E aí, você vê as imagens, esses soldadosentrandoem um país que não fez nada e o estão atacando. E ainda não consigo imaginar como vão ocupá-lo. Vão ser atacados desde agora até o último instante. Não vão ter um momento de paz aqui. Mas vai ser longo e vai ser horrível, e não, ainda não consigo acreditar, e nem os ucranianos. E vou dizer uma coisa, nunca mais vouduvidarda [informaçãoda] inteligência americana, é inacreditável. Ouseja, eles estavamtotalmentecertos.Aquelesalertasmalucossobreum ataqueemgrandeescalaaessasgrandes cidades, que parecem tão absurdos quando você ouve. É um lugar normal, uma cidade bonita, gostosa. Parece irreal, e aí você vê as imagens do que está acontecendo. Não sei, acho que o Putin é um louco, uma espécie de Hitler que vive em um mundode fantasia, aoqual ninguém tem acesso, talvez. Ninguém pode dizer a verdade a ele. Éoque parece. Eumapessoadessaspode fazerqualquer coisa, então é muito perigoso. Kyle Pope: Você está se sentindo aliviada emrelação a sua segurança ou ainda está preocupada coma jornada que tem pela frente? EleanorBeardsley: Não,nãoestoupreocupadacomminhasegurança.Acho queestive,aquieali,comonaquelaprimeira manhã em Kharkiv, tentando sair. Eume senti muito só às 3h30 da manhãnoescuro, fazendoumesforço para ver se conseguia escutar os ataques. Ainda não conseguia acreditar, por que todo mundo está lutando? E foi horrível. Já viu, sirenes de ataque aéreo, você não sabe se aquele avião vaipassarporcimaeatingirvocê.Mas medomesmonãotive, sónaquelaprimeira manhã. Se eu tivesse voltado, se estivesse em Kiev, estaria apavorada, sim. Compavor de ser bombardeada e apavorada de pensar no que soldados russos fariamse encontrassemuma jornalista americana. Enão sãosóos russos. Sãochechenos,mercenários e o Grupo Wagner. É gente quemetemedo. Kyle Pope: Bom, foi ótimo falar com você. Boa sorte emtudo aí. Estou torcendo, nesse restanteda jornada, evou estar pensando em você e esperando o dia em que possamos conversar de novo, com você já em casa em Paris. Eleanor Beardsley: Ótimo. E, da próxima vez, espero não estar tão errada. E nunca duvide da inteligência dos Estados Unidos! ■ JANOSSY GERGELY/SHUTTERSTOCK Desde o início da guerra, milhares de famílias ucranianas fogem do fogo cruzado através da fronteira húngara para uma área pacífica

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