Revista de Jornalismo ESPM

34 JANEIRO | JUNHO 2022 por mathew ingram desde que a invasão da ucrânia teve início, no fim de fevereiro, a Rússia fica cada vez mais isolada do resto do mundo, incluindo em aspectos importantes como o acesso à mídia internacional e à internet global. Em certos casos, a própria Rússia está cortando os laços, como fez recentemente ao banir o Facebook por este se recusar a deixar de checar a veracidade de informações divulgadas por meios russos como Russia Today (RT) e Sputnik. O Twitter também teria sido parcialmente bloqueado noWhatsApp e Instagram, que foram banidos do país. Em outros casos, a decisão de suspender as atividades partiu das próprias empresas. O YouTube baniu RT e Sputnik, o que a União Europeia também fez. O TikTok, embora siga disponível na Rússia, não permite mais que usuários que se encontram na Rússia transmitam ao vivo ou subam vídeos, devido em parte à enxurrada de desinformação e à entrada em vigor da nova lei russa de fake news, que impõe sérias penalidades a infratores. Veículos de imprensa tradicionais também suspenderamas atividades e, em alguns casos, retiraram seus jornalistas da Rússia desde a invasão, em parte devido à lei das fake news. A Bloomberg News e a BBC interromperama cobertura jornalística de dentro do país, entrando para a lista dos primeiros meios a tomar tal decisão. Em um comunicado à equipe, John Micklethwait, editor-chefe da Bloomberg, escreveu que a nova lei Semacesso à informação Rússia bloqueia aplicativos e serviços do Ocidente e segue rumo à estruturação de uma internet controlada, nos mesmos moldes do Grande Firewall da China russa parecia feita para “transformar qualquer jornalista independente em um criminoso por pura associação” e que, com isso, tornava “impossível manter qualquer semblante de jornalismo normal no país” (depois disso, a BBC anunciou planos de retomar a cobertura em inglêsdedentrodopaís).Na sequência, o The New York Times decidiu retirar seus jornalistas da Rússia, emparte devido à incerteza trazida pela nova lei, que torna umato passível de punição referir-se à invasão da Ucrânia como “guerra” em um texto jornalístico. O problema não envolve só esta ouaquela rede social ouumououtro meio de comunicação. Empresas de telecomunicações responsáveis pela infraestrutura de conectividade da rede e da internet entre países tambémcessaramatividades na Rússia. ALumen, antiga CenturyLink, cortou a conexão da Rússia, interrompendo o serviço a clientes como a provedora de internet Rostelecom e a uma série de operadoras russas de telefonia celular; a Cogent Networks fezomesmocomsua rede de banda larga. Esse corte significa que a Rússia fica cada vezmais alheia a qualquer informação sobre a guerra que não venha de dentro do país ou da mídia estatal russa. Clientes russos da Cogent receberam um e-mail no dia 3 de março anunciando a suspensão do serviço devido à “invasão injustificada e não provocada daUcrânia” e às sanções e incertezas decorrentes disso, de acordo com a Kentik, empresa de monitoramento de redes. Em um comunicado em seu site, a Lumen deu a entender que estava preocupada com o perigo de ciberataques envolvendo serviços de inteligência

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