Revista de Jornalismo ESPM

36 JANEIRO | JUNHO 2022 por jon allsop no dia 24 de fevereiro de 2022, dia em que a Rússia invadiu a Ucrânia, o fotojornalista ucraniano Ihor Hudenko postou em sua página no Facebook fotos e vídeos mostrando tanques russos abandonados perto de Kharkiv, cidade no leste do país onde morava. Segundo o Sindicato Nacional de Jornalistas da Ucrânia, Hudenko foi de bicicleta à periferia da cidade registrar as imagens, que faziam uma lúgubre justaposição da ameaça de violência com a paisagem tranquila de um céu azul com nuvens claras. No chão, espalhados por toda parte, objetos do dia a dia como roupas, livros e artigos de higiene pessoal. Dois dias depois, Hudenko morreu em Kharkiv. A princípio, sua morte nem foi noticiada; aliás, foi só no começo de maio que o sindicato na Ucrânia postou um alerta sobre Hudenko, e ainda assim apenas para dá-lo como desaparecido. O Comitê para Proteção de Jornalistas (CPJ) engrossou o coro, fazendo um apelo por informações sobre o paradeiro de Hudenko. No fim de maio, o CPJ finalmente informou que Hudenko morrera em fevereiro, citando como fonte seu colega Oleg Peregon, que por sua vez soube da morte do amigo por um grupo ambientalista local cujas atividades Hudenko costumava cobrir e que coordenou uma equipe de busca que acabou achando local em que o jornalista foi sepultado. Segundo Peregon, Hudenko morreu enquanto E segue a guerra... Na linha de frente do conflito entre Rússia e Ucrânia, os jornalistas são alvos fáceis e sofrem com censuras, ameaças e o risco iminente de perder a vida filmava nos arredores de Kharkiv, que estava sendo bombardeada à época, embora o CPJ não tenha podido confirmar as circunstâncias exatas da morte. Hudenko foi o primeiro jornalista cuja morte foi confirmada desde que a Rússia invadiu a Ucrânia. Tirando a de Hudenko, o CPJ registrou a morte de 13 jornalistas no conflito até o dia 23 de maio, embora o comitê tenha confirmado por ora que apenas sete deles — o operador de câmera ucraniano Yevhenii Sakun, que se supunha ter sido o primeiro jornalista morto na guerra; a repórter russa Oksana Baulina; o cineasta americano Brent Renaud; Pierre Zakrzewski e Oleksandra Kuvshy-

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