Revista de Jornalismo ESPM

40 JANEIRO | JUNHO 2022 este “enquanto isso no brasil...” poderia facilmente se chamar “Enquanto isso na Terra...” – que não anda nem redonda nem plana: está chata demais, polarizada demais, desinformadademaisecom fakenews demais! Pior: informações falsas ou descontextualizadas só incomodam quandosãocontráriasàbolha,àscrenças e preferências das pessoas. Se for “vento a favor”, “bora compartilhar”, certo? E nem precisa ser só fake: hoje a maioria das pessoas não sabe a diferença entre informação e opinião (e temmuita gente surfando essa onda, vendendo gato por lebre e vivendo das bolhas). E “bora compartilhar” catequese como se verdade fosse... Como pode alguémse informar e se salvar no meio desse turbilhão? Vire-se! Vocêdecide... Afinal, vivemos um tempo emque tudo é “relativo” – principalmente a verdade. Só para ilustrar: tem gente que jura que o tapa de Will Smith em Chris Rock na última cerimônia do Oscar foi “fake” –mesmo tendo sido transmitida ao vivo para bilhões de pessoas ao redor do globo. Percebeu o tamanho do buraco? Então eu pergunto: quem tem tomadoa frentenamissãode reconstruirpontesentreaspessoasea informação balizada, apurada, com fontes, rastreável e checável (e ainda responsabilizável)? Tenho uma suspeita: não temos sidonós, os jornalistas e os veículos jornalísticos. Não saberia dizer se em outros países e línguas isso também acontece, mas uma busca rápida noGooVirem-se! Esta é uma clara mensagem da cacofonia da informação para cada cidadão do mundo diante do tsunami de informações – verdadeiras, falsas, imprecisas, tendenciosas, fora de contexto ou de seu tempo... É “cada um por si”, o que torna cada pessoa um alvo fácil cada vez mais desinformado, mal-informado e facilmente enganado gle mostra “aproximadamente 37,5 milhõesderesultados”emportuguês para a pergunta “como não cair em fake news?”. E, mais engraçado (talvez fosse melhor usar aqui a palavra esquisito), há sites para todos os gostos: de direita, de esquerda, de escolas, de empresas de tecnologia, de ateus, de agnósticos e de fiéis fervorosos de igrejinhas políticas (e até religiosas!). Fica parecendo que há muito mais gente interessada em ajudar as pessoas do que a mentir para elas, certo? Pela quantidade de desinformação espalhada (e compartilhada), talvez seja só umamaneira de conduzir os rebanhos para a versão de cada um da verdade... Agora, se você perguntar ao “oráculo” (o Google), “iniciativas jornalísticas para combater fake news”, temos “aproximadamente 61,2 mil resultados” – em pesquisa feita no dia 30 demarço de 2022. Oque essa breve comparação diz sobre como a mudança nos meios de comunicação alimentam, causam ou são consequência do quadro desesperador de desinformação? Tenho algumas suspeitas: 1. Talvez eu diga que veículos e jornalistas ainda não tenhampercebido seu novo papel no universo da informação: abrir diálogo com todo mundo e se descolar do lamaçal do “conteúdo”, tomar distância do que seja entretenimento, mera opinião semqualquer base, publicidade (ou “posts patrocinados”) etc. Emais: ser veemente ao comunicar para as pessoas a natureza do que fazem, explicando o que até a virada do século eraóbvio (enãoémais!). Resumindo: informar. E quem quiser continuar a consumir bobagem como se fatos fossem que o faça. por jorge tarquini ENQUANTO ISSO NO BRASIL...

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