REVISTA DE JORNALISMO ESPM | CJR 41 sagem, todo mundo passou a produzir e divulgar seu “conteúdo” – e, dessemodo, todomundovirouprotagonista do ecossistema informativo. E, como tal, nadamais natural dizer para eles “virem-se!”, toda vez que alguémreclama da fake news alheia. E “virem-se!” não pode ser naturalizado em troca de tribunais inquisidores das redes sociais (sempre ávidas para “cancelar” quem não reza pelo seu catecismo). É algo como “seja feita a vossa vontade” – já que não se podiamais permitir que jornalistas e veículos agissem como gatekeepers da informação, se arvorando a “primazia” de definir o que é ou não notícia. Então agora que a cacofo2. Talvez eu diga que, por uma certa “inação”, o ecossistema do jornalismo tenha simplesmente se resignado e deixado acontecer o distanciamento das pessoas do próprio jornalismo. Apontoperigosoque faz com que a informação produzida comcritério e responsabilidade seja vista como a formamais chata de as pessoas consumirem“conteúdo”. E de não entenderemque informação jornalística e “conteúdo” são coisas de natureza distinta. 3. Talvez eu diga que o jornalismo escolheu errado suas lutas – e tem perdido batalhas em todo o mundo democrático. Ou alguém acha normal que qualquer governo, de qualquer espectropolítico-ideológicodo Brasil e de vários outros lugares do mundo, tenha trabalhado incansavelmente (desde a virada do século) para fazerda imprensa edos veículos meros “mordomos” de livros baratos de mistério: sempre culpados, espinafrados, mentirosos. Estão aí para quem quiser ver o aumento da violência contra jornalistas em todo o “mundo livre e democrático” e a ideia de “controle social da mídia”. E parece que, entretidos com suas próprias verdades, ninguémvê acender a luz amarela gigantesca. Como defender o que fazemos – emvez de apanharmos calados? 4. Talvez eu diga que, quando se apagaram as fronteiras entre emissor, receptor, veículos, meio e menSHUTTERSTOCK
RkJQdWJsaXNoZXIy NDQ1MTY1