Revista de Jornalismo ESPM

42 JANEIRO | JUNHO 2022 nia se instalou, quempariuMateus que o embale, diria minha avó. Ou seja: fica natural ter 37,5milhões de links “faça você mesmo” x 61,2 mil de “o que a imprensa está fazendo”. É fácil desenhar como chegamos até aqui. Difícil mesmo é saber como sair da caverna. Não tenhoa receitaenemconheço elixir mágico que cure essa chaga social e civilizatória que é a desinformação (e o estado permanente de guerra da polarização sobre qualquer assunto). Mas ouso dar meus palpites. A primeira coisa é voltar a fazer jornalismoque importe (deverdade) para a vida das pessoas, se relacione com ela e faça real diferença. Isso mesmo: que tal trocar proselitismo de qualquer espécie por informação relevante? Ou alguém ainda duvida do poder que tem jornalismo bem- -feito, focado no interesse público de verdade (e não no interesse do público, geralmente mais afeito a fofocas, bobagens etc.)? Só vou usar um exemplo: no dia 1º de abril de 2020, a Folha de S.Paulo informou que bateu seu recorde histórico de audiência. Em março daquele ano, a versão digital do jornal recebeu69,8milhões de visitantes únicos, que visualizaram 404,5 milhões de páginas nas plataformas digitais – superando a marca anterior, de outubro de 2018, de 64 milhões de usuários únicos interessados na cobertura das eleições. Preciso lembrar que a pandemia era o assunto em pauta? Mas hámais: o jornal acertou em outra decisão, que contribuiu para o resultado (e dá alguma credibilidade para o meu “palpite”): disponibilizar gratuitamente o conteúdo de utilidade pública sobre a Covid19. E esse fenômeno se repetiu com a audiência de telejornais, rádios informativas e portais de notícias. Esse fato não foi isolado. A ponto de a empresa americana Chertbeat, especializada emdados de veículos noticiosos do mundo todo, como The New York Times, Washignton Post, Le Monde e a rede CNN, ter definido omomento como “de audiência e engajamento sem precedentes”, ao divulgar estudo sobre o período. Enquanto “influencers” precisam “lacrar” para alcançar audiências impensáveis, tentar repetir a estratégia no jornalismo em busca de repercussão certamente não é o caminho.Estánahorademostrarmos queháumamão estendidapara todo mundo que hoje tem de “se virar” nessa cacofonia toda – e celebrar a paz entre todas as partes. ■ jorge tarquini é jornalista, roteirista, escritor, sócio da Scribas Produção de Conteúdo e professor do curso de jornalismo da ESPM SHUTTERSTOCK ENQUANTO ISSO NO BRASIL...

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