Revista de Jornalismo ESPM

REVISTA DE JORNALISMO ESPM | CJR 45 na medida em que não é material; tudo é ilusão de ótica, na medida em quenãoháumobjetooriginal visível, mas apenas sua imagem (a presença de um ausente); tudo é sintético, na medidaemquenenhumobjetooriginal é reproduzido para ser refletido... Na esfera digital, agora consubstanciada na definição de metaverso, queprecede atémesmo seuestabelecimentocomouniverso, tudoésímile, de tal forma verosimilhante que não há diferença perceptível entrementira e verdade. O metaverso é uma “mentirosfera” ou “mentiroverso”. ■ leão serva é jornalista, diretor de jornalismo da TV Cultura, doutor em comunicação e semiótica, professor do curso de jornalismo da ESPMe autor de Jornalismo e Desinformação (Senac) dos a uma relação de dependência. E como tal, todas as mensagens sãoprioritariamentedeterminadas a renovar a relação de consumo, manter a dependência. Mesmo as mensagens que de alguma forma contêm uma taxa informacional, novidade, impactoeemoção, têmsuaexistência determinada para consumir a atençãodos usuários para omeioe, como tal, todosos critérios atéantesusados para avaliaçãodamensagemdeixam defazersentido: informação, impacto, emoção não servem mais para definir a mensagem, mas para ampliar a razão do consumo em si. Emoutraspalavras,mesmoquenão haja um comunicado, que pudesse justificar a comunicação pela lógica antiga do sistema como meio, o sistemadigital produzumconteúdocirculantequeprovocaráatençãodousuário, a sensação de necessidade, que renovadaconstantemente secaracterizaporuma relaçãodedependência. Na era digital, o medium não é um meio, é começo e fim, razão de ser, finalidade.Omeioéamensagem, tudo e nada mais. E como tudo se torna uma simulação, ouniversomidiático passa a ser ummetaverso, onde tudo é um simulacro: as pessoas visíveis são avatares, o dinheiro é uma criptomoeda, o sexo é virtual, tudo que é visível é uma neuroimagem, tudo que se ouve é sintetizado... Os conceitos de verdadeiro e falso são rompidos com esse sistema de metarrealidade. E, como tal, tudo é “mentira”,nosentidodequenãoé“verdadeiro”; tudo é artificial, na medida em que não é natural; tudo é virtual,

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