Revista de Jornalismo ESPM

REVISTA DE JORNALISMO ESPM | CJR 49 -informada sobre omodo de trabalho das grandes empresas de tecnologia, as organizações jornalísticas podem acabaraceitandosemcontestara ideia de que elas não têmmais espaço para criar os próprios formatos e ferramentas. Uma defesa independente, baseada na criatividade das próprias tecnologias, é um dos meios mais poderosos para que o jornalismo mantenha a relevância. Foi-se o tempo em que recursos focados em tecnologia significavam menos repórteres na redação. Essa escolha agora revela o verdadeiro significado: ummaunegócio. Conforme o jornalismo e a tecnologia convergem, aquestãonão é ensinar programação aos jornalistas, mas transformar o jornalismo em linguagem de programação.” Com o intuito de posicionar o jornalista e contextualizar seu trabalho neste novo cenário rodeado pela desinformação, em 2020 a Revista de Jornalismo ESPM publicou um especial sobre o poder das fake news. Na reportagem “As toxinas que transmitimos”, Whitney Phillips mostra como a desinformação acabou poluindo o ambiente midiático em todo o mundo. “Jornalistas buscam desmentir narrativas poluídas como a do QAnon porque acham que lançar luz sobre uma falsidade irá desinfetá-la. Isso funciona comcertos públicos. Já para outros, essa luz não desinfeta – mas, sim, ilumina a poluição, que acaba sendo vista por mais gente e, no processo, arrisca catalisar ondas de poluição ainda piores. Assim como botar mais dinheiro em um negócio ruim dificilmente irá impedi-lo de afundar, por informações boas a informações poluídas dificilmente vai mitigar suas toxicidades. Quando jornalistas dão protagonismo em seu relato a apóstolos da desinformação e não ao efeito produzido por suas mentiras, quando fecham o foco em lixões isolados de informação tóxica e não em condições sociotecnológicas que permitem o acúmulo da poluição, quando se arrogam uma visão objetiva do nada em vez de considerar os efeitos de sua própria amplificação, estão arriscando – assim como qualquer cidadão em redes sociais – causar tanto dano quanto gente que busca intencionalmente entulhar o ambiente de lixo. Uma abordagem ecológica à informação poluída evita esses problemas. Casos isolados, atores malignos e tecnologias fazem parte de conversa, mas não são a questão mais importante. A parte mais relevante é como nossos sistemas, nossos atos e nossas instituições se entrelaçam de modo a criar escoaRoberto Cabrini vai para o campo de batalha na Ucrânia registrar quem são os mais afetados pela guerra: a população local

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