56 JANEIRO | JUNHO 2022 LIVROS LUCIA SANTAELLA MERGULHA NO ESTUDO DE FAKE NEWS E DEEPFAKE LUCIA SANTAELLA É UMA DAS MAIS IMPORTANTES estudiosas das ciências da comunicação em todo o planeta. Referência em estudos de semiótica, profunda conhecedora das ideias de Charles S. Pierce, o difícil filósofo norte-americano, ela se tornou ao longo das décadas uma autora prolífica de livros de impacto mídia, política, filosofia e sociedade. Como não poderia deixar de ser, seus últimos textos foram dedicados ao surpreendente poder da mentira nos meios digitais. De Onde Vem o Poder da Mentira?, pergunta o título de seu livro mais recente; a resposta pode ser encontrada também no ensaio As Irmãs Siamesas Fake News e Pós-verdade expandidas nas Deepfakes, introdução que ela faz a um dossiê de textos sobre o tema na Revista Digital de Tecnologias Cognitivas. O texto parte de um princípio expresso em citação da “crítica de Eugenio Bucci (2019), em defesa do jornalismo ético, o qual implica constatar que ‘news não são fake – e fake news não são news”. E segue fazendo um panorama geral do estado da arte da reflexão sobre fake news. Santaella trata rapidamente de diversos aspectos do tema, como a discussão sobre a misteriosa verossimilhança superior da mentira sobre a notícia verdadeira (“Enquanto uma informação falsa necessita de aproximadamente dez horas para alcançar 1.500 usuários no Twitter, uma informação verídica precisa de 60 horas”), o que parece sugerir a necessidade de melhorar o aparato jurídico (“fica claro que não pode haver outro meio de estancar a proliferação de fake news sem que haja leis que regulamentem o funcionamento das plataformas de redes sociais com rigor”), ao mesmo tempo que aponta a necessidade de uma educação da sociedade para lidar com os novos desafios colocados pela mentira disparada em velocidade digital (“A par desse meio, alguns pesquisadores, entre os quais me coloco, defendem que legislações apenas não são suficientes, mas é preciso também desenvolver programas educativos para e nas redes”). Na trajetória do apontamento das publicações recentes sobre o tema no Brasil, o texto destaca a espinhosa questão da demanda de controle sobre as notícias falsas e seu possível efeito colateral, a redução da liFOTOS: SHUTTERSTOCK PARA LER E PARA VER LEÃO SERVA
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