EDIÇÃO 124 | 2022 | REVISTADAESPM 11 aquelas utilizadas pelas agências de publicidade, conteúdo e comunicação? Patricia — Essa transformação está acontecendo, sim, comprofissionais especializados em fazer arte, texto e vídeo. E se você não sabe usar as novas ferramentas, advogar só com o que se aprende na escola de Direito tradicional fica cada vez mais difícil. O problema é que a gente foi treinado para escrever longas peças, com mais de cem páginas, documentos que nem o juiz lê. E agora a situação mudou. Você precisa ter poder de síntese e saber usar muito bem a linguagem audiovisual para explicar os casos. Afinal, como vou explicar a um juiz que meu cliente tem um avatar, que teve um problema no Metaverso e roubaram o NFT dele sem utilizar desenhos ou imagens da plataforma? E isso nos leva a outra constatação: o território da internet é internacional. Hoje o advogado precisa saber mais de Direito internacional e de ferramentas relacionadas às medidas internacionais. Antes, o advogado tirava a OAB e pronto, acreditava que a vida profissional estava resolvida. Agora, para trabalhar com casos de internet, ele precisa fazer parcerias com colegas de diversas partes domundo e olhar a legislação de outros países, dependendo do ambiente digital no qual determinada instituição está relacionada. Revista da ESPM — Nesta sociedade cada vez mais digital, que tipo de caso acontece commais frequência? Pat r ic ia — Quando o assunto é pessoa f ísica, o que mais acontece hoje na par te cr imina l são fraudes, crimes contra a honra e discr iminação. No quesito relações interpessoais, temos muitos problemas relacionados a compras on-line e a questões trabalhistas. E a tendência é só piorar, uma vez que o brasileiro está iniciando sua vida digital cada vez mais cedo. Hoje, uma cr iança de 6 anos de idade já tem celular, e-mail e muitas vezes até conta em rede social. Logo, já pode ser vítima de algum crime virtual, como cyberbullying, pedofilia, assédio e vazamento de informações. Dados do Instituto iStart apontam que a faixa etária de maior risco hoje na internet é a de crianças entre 9 e 12 anos. Antes da pandemia, o maior problema era na faixa etária de 12 a 14 anos. Já no universo da pessoa jurídica, temos duas abordagens: consultivo de digital, que está muito envolvido com a inovação, com o uso de novas tecnologias e com o regulatório de inovação — contratos, pareceres e novas leis, como a legislação de telemedicina, de inteligência artificial, de criptoativos, de open finance... E não podemos esquecer também do contencioso da pessoa jurídica relacionado a tecnologia, que são os casos relativos a vazamento de dados e cybersegurança. Então, hoje temos muitos processos causados por fraude, vazamento de dados, casos relacionados ao consumidor e a questões trabalhistas porque as pessoas estão em home office. Não basta saber escrever bempara os próprios pares, emuma linguagemque só juiz e advogado entendem. Épreciso criar entregáveis do jurídico capazes de gerar compreensão e clareza para pessoas leigas SHUTTERSTOCK.COM
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