REVISTA DA ESPM | EDIÇÃO 124 | 2022 46 SOCIEDADE pessoas envolvidas e por perto”. Nessas condições, o cursodeDireitodaESPM, comseuspilaresestruturantes, está emconsonância comas necessidades domercado. Modelo de inovação Há cinco perguntas que devem ser respondidas pelos egressos dos cursos deDireito e que aparentemente tambémforamformuladas pelos responsáveis pelo curso da ESPMna elaboração dos conteúdos programáticos para se adaptar a essas circunstâncias: • O lugar em que você trabalha é original, criativo, diferente, imaginativo, novo e distinto? • O lugar em que você trabalha é ousado, identifica e resolve um problema importante, reflete uma compreensão abrangente do problema e aborda todas as dimensões do problema? • O lugar em que você trabalha reflete pensamentos divergentes, tem fluência (volume de respostas), flexibilidade (ideias que diferem umas das outras) e associatividade (a capacidade de ver conexões entre pensamentos e itens aparentemente não relacionados)? • O lugar em que você trabalha integra pesquisas, teorias, observações e ideias de todos os domínios possivelmente relevantes e de todas as autoridades e partes afetadas possivelmente úteis? Mostra o pensamento unificador? • O lugar em que você trabalha é claro, vívido, simples, incisivo e completo ou, como disse Einstein, “o mais simples possível, mas não mais simples”? ParaRandallKiser, formadoemDireitopelaUniversidade daCalifórnia,professornaMaurenSchollofLaweautordos livros AmericanLawFirms inTransition: Trends, Threats and Strategies, SoftSkills for theEffectiveLawyer, BeyondRight and Wrong e HowLeadingLawyersThink, essasperguntas fazem partedeummodelode inovaçãopróprioparaadvogadose estãoinseridasnocontextodequeaadvocaciaébloqueada por uma crise de inovação. Faltam ideias ousadas, novos modelosecompromissosnecessáriospararesolvergraves dilemas e deficiências. Construir esses novos modelos é umdos propósitos históricos daESPM. ParaKiser, a percepção de que a advocacia é hostil aos avanços tecnológicos e ao pensamento inovador desencorajou gerações de universitários criativos de se candidatarem à faculdade de Direito. “Os alunos inventivos apresentam perfis que podem não corresponder aos critérios convencionais de admissão em faculdades de Direito, e é difícil encontrar uma faculdade de Direito que considere expressamente a inovação, a criatividade e a proficiência tecnológica entre os fatores secundários emimportância”, afirmaoprofessor, que fezessadeclaração antes de a ESPMdivulgar oDNAdo curso deDireito. E para comprovar essa realidade, o Harvard Law School ’s Office of Public Interest Advising identificou 90prováveis perguntas emprocessos seletivos de jovens advogados, tanto para escritórios de advocacia quanto para departamentos jurídicos, e apenas uma pergunta aborda especificamente a criatividade. Nenhuma referência específica à inovação ou tecnologia aparece nas outras 89 questões. Enquanto as empresas inovadoras perguntam aos candidatos “Conte-me sobre uma época em que você inventou algo”, muitos escritórios de advocacia ainda estão perguntando: “Conte-me sobre um assunto jurídico complexo em que você trabalhou”. Esse, definitivamente, não é o ideal de formação profissional do curso de Direito da ESPM. A advocacia brasileiramovimenta cerca de R$ 150 bilhões por ano, entre honorários, despesas e custas judiciais, ou seja, tudo que é pago pelos contratantes, independentemente das demandas shutterstock.com
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