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11 JANEIRO / FEVEREIRO DE 2008 – R E V I S T A D A E S P M alimentos e outro no negócio de sorvetes. Há dois anos, a empresa implementa um projeto chamado One Unilever, e tornou-se, real- mente, uma companhia integrada, sem divisões. JR – A Unilever é uma dessas empre- sas que têmmuitos vice-presidentes ou não? MARCELO – Antes tinha, mas agora menos. Temos um vice-presidente para Recursos Humanos e Finan- ceiro. Temos um de Supply Chain, que cuida de toda a logística e distribuição. Temos outro vice-presi- dente de Customer Development. Até há pouco tempo, tínhamos um vice-presidente de marketing, agora temos dois: um para home care e personal care , e outro para alimentos. E temos diretorias corpo- rativas, para assuntos corporativos, jurídicos. No mundo, também, a Unilever diminuiu a quantidade de vice-presidentes. A estrutura está mais enxuta. JR – Se você não estivesse em RH, em que área você gostaria de estar? MARCELO – Dentro da Unilever, provavelmente seria em customer development , trabalharia na área de vendas. E, se não estivesse na Unilever, provavelmente eu seria um líder sindical... JR – Você não acha que existe uma forte proximidade entre um líder sindical e um homem de vendas? MARCELO – Verdade! E também entre um líder sindical e um líder de Recursos Humanos. Costumo dizer a eles: “vamos brigar muito, vamos discutir muito, mas podem ter certeza que - aqui dentro - sou o principal defensor das coisas lógi- cas que vocês pleiteiam”. Tenho um grande respeito pela função deles. JR – Uma multinacional, no Brasil, pode ser o céu ou o inferno. Ex- plico: há duas visões. Uma, que a multinacional é ótima, paga bem, os benefícios são fantásticos... E tem a outra, um pouco mais cínica: multinacional é uma máquina que explora as pessoas, “tira o seu sangue...” MARCELO – Nem é céu, nem é inferno. Nós, homens, muitas vezes – para tornar a vida mais fácil – procuramos simplificar as coisas e achamos que tudo que não está no céu está no inferno. Aceitar uma premissa radical poderia significar que tudo que não for multinacional será o inferno... Pessoalmente, acho que está muito longe de ser o inferno e – provavelmente – um pouco mais perto do céu. Mas nem no céu as multinacionais pagam melhores salários do que companhias na- cionais; isso é um mito. Talvez, no passado, tenha sido assim. A visão de que explora e extrai até a última gota de sangue dos colaboradores é uma visão do mundo antigo, po- larizado em capitalista X marxista, e as multinacionais praticariam o capitalismo selvagem. Veja uma multinacional como a Unilever, no Brasil (mas poderiam ser muitas ou- tras). Com mais de 75 anos, é difícil achar que – durante tanto tempo – tirou até a última gota de sangue desta economia, deste povo e dos seus funcionários... Você pode fazer carreira mudando cinco vezes de empresa, em 20 anos, ou pode ter a sorte de traba- lhar em uma onde você pode mudar de companhia dentro dela própria. Acho que é uma característica de turn over interno. Você pode estar na mesma companhia e trabalhar na Argentina, na Inglaterra ou no Brasil. Ou pode dizer: quero trabalhar em um negócio de consumo, depois escolher o mundo do sorvete ou de produtos industriais. Acho que a multinacional tem a característica de ter uma abrangência maior nas possibilidades de carreira, mudar de cultura, trabalhando na mesma companhia. Mas será que, na outra ponta, o “inferno”, é uma com- panhia nacional? Vejo companhias nacionais, no Brasil, em que eu teria um grande orgulho de trabalhar, de dizer: trabalhei em uma companhia brasileira, que cresceu obedecendo a um código de normas de condutas e valores e que cresceu não só aqui como também está crescendo no exterior. Acho que céu e inferno não têm a ver com ser multinacional ou local, mas sim com o como essas companhias trabalham... JR – Antes de vir para a ESPM, eu costumava dizer que preferia tra- balhar num lugar onde a sala do dono fosse no quinto andar do que “ESTÁ AÍ A OPORTUNIDADE: EU POSSO MUDAR A MINHA VIDA, E A DOS MEUS FILHOS...” Ð Marcelo Williams
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