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27 JANEIRO / FEVEREIRO DE 2008 – R E V I S T A D A E S P M Francisco Gracioso 3. INOVAÇÃO E MUDANÇAS: PREFIRA AS EMPRESAS ONDE ELAS BROTAM DE DENTRO DA ORGANIZAÇÃO Espíritocriativoe abertura àsmudanças são requisitos essenciais exigidos dos candidatos, emqualquer programa de seleção de trainees. São qualidades realmente importantes, mas o curioso é que muitas empresas que procuram essas características em seus trainees não as valorizam em sua política de gestão. Estudos feitos em vários países já mostraram que as empresas mais inovadoras têm estruturas abertas às mudanças e políticas específicas de estímulo à criatividade. Elas aceitam o risco, como fator inerente ao negó- cio, e dispõem-se a pagar o preço dos fracassos que sempre ocorrem nos processos de inovação e mudanças. Por tudo isso, inovar custa caro e só se justifica quando a inovaçãoprovoca as mudanças esperadas emnossaposição no mercado. A inovação começa pela identificação de um problema ou oportunidade e se concretiza com a implementação de uma solução mais econômica ou eficiente. Nas empresas abertas à inovação, as novas idéias fluem continuamente, da base para o topo da pirâmide. Geralmente, trata-se de soluções simples que aproveitam recursos já existentes na empresa e dispensam grandes investimentos. Como exemplo podemos citar a história de uma geringonça inventada por Thomas Edson que aproveitava o vai-e-vem do portão de seu jardim para acionar a bomba do poço. Nas empresasmais competitivas, inovações desse tipo ocorrem continuamente e aumentam a produtividade em cerca de 3 a 4% ao ano. Empresas como Perdigão, Sadia eNestlé, por exemplo, obtiveram economias significativas nos últimos anos reduzindo progres- sivamente o peso de suas embalagens plásticas.Mas há tambémas inovações mais substanciais, com a introdução de novas tecnologias que mudam a relação de forças no mercado. Assim, a Braskem acaba de anunciar o lança- mento de uma nova resina plástica biodegradável que dará vantagens competitivas importantes a quem uti- lizá-las em primeiro lugar. Quando a empresa tem uma estrutura conservadora, fechada às inovações, a necessidade de mudanças acaba se impondo e pode causar choques traumáticos. Assim, o atual presidente da Nestlé, Ivan Zurita, passou os pri- meiros anos da suagestão introduzindo mudanças com objetivo de recuperar o crescimento e a lucratividade da empresa. Ele cortou custos, mudou o mix de produtos, introduziu uma nova política de relacionamento com o varejo e adotou novas estratégias de marketing. Deu resultado, mas o preço pago foi alto. No processo de mudanças, Zurita teve de mudar to- dos os seus diretores, além de muitos executivos de nível gerencial. Infelizmente, casos como esses são bastante comuns e resultam, às vezes, em “lay-office” de departamentos in- teiros. Há cerca de cinco anos a Coca- Cola mudou a sua polítcia de marke- ting edespediudeuma sóvez centenas de pessoas em todo o Brasil. Não discutimos o mérito dessas medi- das,masénossodever alertar aos jovens “trainees” para essas eventualidades. Se puderem, prefiramsempre as empresas ondeas inovaçõesemudançasocorrem continuamente, pois isso reduz o risco das mudanças traumáticas. É nosso dever alertar os jovens “trainees” para essas eventualidades. Se puderem, prefiram sempre as empresas onde as inovações e mudanças ocorrem. FRANCISCO GRACIOSO Conselheiro Associado da ESPM ES PM Foto: Scott Snyder

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