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30 R E V I S T A D A E S P M – JANEIRO / FEVEREIRO DE 2008 Liderança como fator competitivo mantendo-se a conexão pelos meios possíveis, sejam tecnológi- cos ou não. Toda causa não vive sem entusiasmo. O entusiasmo do líder é o segundo fator que faz a diferença no sucesso de um empreendimento, de uma tarefa, de um projeto. Acreditar e vibrar, ter certeza da importância do processo e do alcance dos resultados, são ingredientes que despertam na equipe a força para fazer da causa um desafio a ser alcançado. Para que o entusiasmo escorra pelo líder e atinja os liderados, o foco precisa ter um caráter coletivo – ou seja – o líder não pode buscar interesses próprios (seja status , financeiro, promoção pessoal etc.) – a causa deve trazer benefícios que se estendam a todos os envolvi- dos. Liderar em causa própria ainda é o erro dos que se perdem na vaidade e no egoísmo e, por conseqüência, a confiança da equipe se parte como um vaso de cristal, tornando impos- sível a legitimação do poder. Esse entusiasmo não se prende apenas à causa, mas joga seus tentáculos a cada componente da equipe. É quando o líder vibra com a conquista de cada pessoa do seu time, porque sabe ser esse passo dado algo além do resultado visível. É um degrau a mais na escada do desenvolvimento humano. Assim, orgulha-se de fazer parte de uma caminhada maior, onde os diferentes talentos são reconhecidos, desen- volvidos e valorizados. Cabeaquiumabrevepausa,parainserir- mosuma reflexão: comoentusiasmar-se diante de causas? Qual o processo que leva um líder a se entusiasmar por algo? Ou por alguém? O entusiasmo nasce do significado da missão. Se pensarmos em líderes como Gandhi,MadreTeresadeCalcutá, Jesus, não precisamos de esforço para en- tender oentusiasmo, acausaeamissão. Talvez o mesmo acontecia com líderes de tribos e comunidades mais antigas, quepercebiamuma ligaçãodiretaentre sua própria vida e seu papel de líder. O que hoje dificulta esse entusiasmo e comprometimento é a distância cada vezmais presenteentreoque seproduz e a vida que se leva, a falta de conexão entre o que se é e o que se faz, entre o ser e o ter. E assim, esse entusiasmo se perde e parece poético demais, num mundoondeaspessoasolhamparaseus objetivos individuais, por vezesdistantes da missão da empresa, ou da área. Percebo aqui um grande desafio para a liderança – estabelecer uma conexão verdadeira entre a missão da empresa e da área, com a sua missão de vida – fazer do focoumsonhoa ser realizado em conjunto com a sua equipe. Fora desse contexto, o entusiasmo é pelo dinheiro, pelo status , pelacausaprópria e, portanto, a essência donegócioonde seestá inseridoseperdeeoque restaéo entusiasmo fabricado, osorriso forçado, reproduzido pelo resto da equipe, que vibra pela queda e derrota do líder, da mesma formaquesúditosvibravampela morte do rei tirano. O entusiasmo pela causa vinculado à missão tem como base os valores que escoram as ações e decisões, além de manter a integridade do caminho traça- do. Amaioria das empresas sustenta de forma majestosa seus valores pregados nas paredes,mas averdadeira liderança fortalece e vivifica cada valor nas suas decisões, na sua fala, nos seus atos e nãodeixadúvidasquantoaoseualinha- mento. Essa é uma diferença bastante significativa entre os líderes que falam de valores eos queos vivem, os que são fiéis a princípios e os que se fixam em critérios desconhecidos e obscuros. Esse líder, defensor de uma causa, com- prometido e entusiasmado, encarna os arquétipos do visionário e do guerreiro, trazidos por Angeles Arrien, no livro Caminho Quádruplo . O filme Coração Valente mostra de forma bastante brilhante, na figura de Willian Wallace a causa a ser seguida, seu comprometimento e, ao descer do cavalo, o guerreiro assume o que precisa ser feito ao lado dos outros companheiros de batalha. Esses dois arquétipos (visionário e guer- reiro) são complementados pelos de curandeiroemestre, que trazemao líder a responsabilidade de curar e ensinar, em reconhecer as dores e dificuldades e ter apaciênciapara, emdoseshomeo- páticas, trabalhá-las. Assim, nopapel decurandeiroemestre, apresenta-seoterceirofatorfundamental para a liderança – o desenvolvimento de pessoas, um dos fatores geradores e impulsionadores da sustentabilidade e continuidade dos negócios. O líder que desenvolve é o líder que libera e liberta o potencial das pessoas, é o que desperta e acredita nos talentos, e com isso garante que os conhecimentos e as habilidades dêem vida aos resultados e perpetuem os sucessos. Outra parada para reflexão se faz necessária – como desenvolver pessoas se o tempo, ou melhor, a falta dele é o grande vilão dessa história? Se nessa so- ciedade líqüida, comonosdizBauman, o olhar é fragmentado e individualista? Onde o tempo é focado e dirigido aos resultados buscados de forma frenética e por vezes impensada?

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