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Max Gehringer 49 JANEIRO / FEVEREIRO DE 2008 – R E V I S T A D A E S P M ES PM mais alta, a do Ministério doTrabalho. Muitas empresas contratam trainees e estagiários apenas para reduzir custos, mantendo-os nessa posição por tanto tempo, que alguns estagiários corremo risco de se aposentar na função. REVISTADAESPM –Há algumtempo, você recebe correspondência de um grande número de pessoas que o con- sultam sobre problemas no trabalho. Isso já permitiu a você desenvolver uma visão “estatística” a respeito dos tipos e da naturezamais freqüentes dos problemas apresentados? MAX – Sim. São cerca de 150 men- sagens semanais. A reclamação mais constante é a da falta de oportunidade. Mais exatamente, “porque os outros são promovidos e eu não sou”. Parte dessa queixa pode ser creditada à ansiedade, parte ao protecionismo, e parte à incapaci- dade da pessoa de fazer uma auto- avaliação crítica. Em segundo lugar, vem o relacionamento. Ou com o chefe, ou com algum colega, ou com todos eles. De cada 100 mensagens desse gênero, só uma vem de um leitor ou ouvinte capaz de admitir que o problema é ele, e não os outros. Em terceiro lugar, há o que eu chamo de insatisfação com a escolha feita. Pessoas que estudaram uma coisa e trabalham com outra. Muita gente que quer mudar de área. Empregados em empresas privadas que querem prestar concurso público. Fun- cionários públicos que querem mudar para a iniciativa privada. Autônomos querendo ser empre- gados, e vice-versa. E a quarta é a que todo mundo imagina que seria a primeira: salário inadequado para as tarefas executadas. REVISTA DA ESPM – Você acha que existe um “modelo brasileiro” de ad- ministração de RH? MAX – O nosso RH foi importado dos Estados Unidos, em todos os detalhes. Começou a ser espalhado pelas multi- nacionais a partir da década de 1960 e foi sendoadotadopelasempresas locais. Por isso, hoje ninguém se vexa ao dizer outsourcing , head hunter , networking , fringe benefits , coffee break , e dezenas de outros termos que nem precisaram de tradução. Avaliações de desem- penho, pesquisas de clima interno, monitoramento de carreira, tudo isso veio de fora. Pessoalmente, não tenho nada contra. Se é para copiar alguém, vamos copiar quem deu certo. Não tenho dúvidas de que nossos gestores deRHfizeramumbelíssimo trabalhoao conscientizar os empresários brasileiros para a importância do ser humano. Digo isso porque vivi os velhos tempos do Departamento Pessoal, nos quais o empregado tinhaosmesmos direitos de um parafuso. Ou até menos. REVISTA DA ESPM – Qual é a forma mais eficaz de se conseguir um emprego? MAX – De todos os modos pos- síveis de conseguir um emprego, ou um estágio, o mais usual é o da recomendação direta. Um currículo bem feito tem um peso muito infe- rior ao de uma indicação. Cerca de 70% das vagas são preenchidas por referência de alguém que já trabalha na empresa. Portanto, investir no cír- culo de relacionamentos profissionais – começandopelos professores e pelos colegas de escola – é a maneira mais eficaz de não ficar desempregado, no curto e no longo prazos. INVESTIR NO CÍRCULO DE RELACIONAMENTOS PROFISSIONAIS É A MANEIRA MAIS EFICAZ DE NÃO FICAR DESEMPREGADO, NO CURTO E NO LONGO PRAZOS.
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