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59 JANEIRO / FEVEREIRO DE 2008 – R E V I S T A D A E S P M Adriana Fellipelli Pericles Pinheiro Machado BIBLIOGRAFIA DUNNING , D. (2003) Introduction to type and communication . Mountain View: CPP. JUNG , C. G. (1971) Tipos psicológicos . Rio de Janeiro: Vozes. ADRIANA FELLIPELLI É psicóloga e Diretora Geral da IDH – Ins- trumentos de Desenvolvimento Humano. Foi fundadora da consultoria de recursos humanos Saad Fellipelli em 1988, e respon- sável por trazer o instrumento MBTI® para o Brasil em 1994. PERICLES PINHEIRO MACHADO JR. É psicólogo, administrador de empresas e Diretor de Aprimoramentos e Pesquisas da IDH – Instrumentos de Desenvolvimento. dominante em uma pessoa – e isso é verificado por meio do estudo tipológico –, seuestilodecomunicaçãoassumeuma tonalidadesensorial:atençãoaosdetalhes, palavrasprecisas,foconoselementosmais concretos.Se,alémdisso,umapessoativer preferência pela introversão, o modo de processamentodasinformaçõesserásilen- cioso,pormeiodaassimilaçãodedetalhes e da elaboração de modelos pragmáticos de compreensão. Por outro lado, os tipos intuitivos, espe- cialmente quando apresentam também a preferência pela extroversão, podem facilmente se distrair e ficar impacientes com tantos detalhes. Para essas pessoas, quanto mais detalhada for a descrição dos fatos,mais difícil serámanter a aten- ção e a escuta. Isto porque a função intuição é responsável pela percepção do todo, ao contrário da sensação que orienta-se para as partes. Conseqüente- mente a melhor forma de se comunicar com tipos intuitivos é oferecer-lhes de início um panorama geral da situação para então concentrar sua atenção nos fatos mais relevantes. Há muitos outros exemplos que ilus- tram as diferenças nos modos como as pessoas preferem receber informações. Segundo a teoria dos tipos psicológicos, a comunicação entre pessoas se dá pela intermediação da função mental mais extrovertida, uma vez que o campo em que ocorre a troca de informações é necessariamente social. Supondo então que uma pessoa tenha como função mais extrovertida o sentimento, ela nor- malmente se envolverá facilmente com os aspectos pessoais de uma situação, pois para esse tipo é necessário avaliar as situações a partir da aproximação de seus valores e convicções próprios. Isso nãoocorrequandoa funçãomais extro- vertida for o pensamento, que se volta paraa lógicaeaobjetividade factual nos processos de decisão. Pessoascompreferênciapelaorientação julgadora valorizam a elaboração de conclusões e a formulação de reco- mendações práticas em suas discussões de trabalho. O tipo oposto, de estilo perceptivo, prefere explorar as possibili- dades e leva em consideração a neces- sidade de obter mais informações antes de chegar a uma decisão. Com essas idéias em vista, talvez fique mais fácil entender que certos conflitos e dificuldades de compreensão entre pessoas possam estar relacionados às diferenças tipológicas. Essas diferenças talvez não sejam a origem do conflito em si, mas certamente podem tornar as coisas mais difíceis. Embora a maioria das pessoas saiba se comunicar com eficiência, essa capacidade tende a enfraquecer emmomentos de estresse e conflito.As diferenças de personalidade podem se tornar exageradas e irritantes. Em uma situação de conflito, é impor- tante recorrer a habilidades básicas de comunicação para se chegar a uma resoluçãosatisfatória.Oreconhecimento das preferências psicológicas pode ser muito útil, por exemplo, ao evidenciar que tipos introvertidos não gostam de ser interrompidosquandoestão falando, pois precisam de tempo para organizar suas idéias e elaborar uma resposta às questões em pauta. Mas o recurso à tipologia pode tender também à formação de estereótipos, e nesses momentos o reconhecimento das diferenças pode se reverter em julgamentos e rotulações defensivas que em nada favorecem a comunicação eficiente. A ética do instrumento MBTI® reco- menda seu uso criativo e cuidadoso, no sentido de estimular as pessoas a dialogar para resolver as questões potencialmente conflituosas. O objetivo do trabalho com a tipolo- gia junguiana é propiciar aos seus usuários uma compreensão acerca da diversidade psicológica a partir de quatro ordenadores básicos e universais (veja a tabela). E é claro que pessoas que respondam a uma mesma tipologia apresentarão carac- terísticas de comunicação bastante diversas entre si, pois a complexi- dade do ser humano é marcada especialmente pela singularidade de cada história de vida. Valorizar as diferenças e exercitar a comunicação criativa e bem hu- morada é o grande xis da questão. E, como advertia oVelho Guerreiro, “quem não se comunica...” ES PM

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