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62 R E V I S T A D A E S P M – JANEIRO / FEVEREIRO DE 2008 Mude. Você consegue! mesmo?” Certo? Pois essa é parte da verdade. Somos seres sociais e sociáveis. Nossa identidade é constituída por meio da relação com o outro, com a sociedade, da interação com o meio, é desta maneira que a pessoa vai cons- truindo a sua auto-imagem. Os processos de socialização tornam- se elementos de grande importân- cia, pois atribuem ao sujeito um sentimento de pertença a grupos (de pertença ou de referência), que leva o indivíduo a assumir, pessoalmente, as atitudes desse grupo que, mesmo sem perceber, guia suas condutas. Precisamos do outro para rece- ber “feedbacks”, para melhorar e percebermos aspectos que nós desconhecemos. Só a leitura num manual de gestão de carreiras não resolve. É preciso agir, colocar-se aberto para receber critícas e su- gestões. Para refletir sobre o que se ouve a nosso respeito e não apenas aos elogios, mas principalmente às críticas. É preciso tomar o “drive” da própria vida, não só da car- reira. Atenção!!! Sair do piloto automático. Costumo dizer que reclamar é vício e se reclama até quando está bom, só para ter algo con- trário para dizer ou para ter o sentimento de pertença, como mencionado acima. Um com- portamento socialmente inter- nalizado. Desta forma, só re- clamar e nada fazer para alterar , transformar; divergir; permutar; deslocar é puro continuísmo. É mesmice, repetição da repetição. Estado permanente de “déjà vu”. É como se manter refém de um filme que você já viu inúmeras vezes. Curiosamente, o mundo do tra- balho está levando as pessoas cada vez mais para o frenesi das mudanças velozes e constantes. O que não quer dizer que o mesmo “know how” se aplique fora do ambiente de trabalho, em suas vidas pessoais, ou melhor, na mesma velocidade e com a mesma qualidade e eficiência. As em- presas investem em mecanismos e ferramentas de controle para se certificarem do retorno dos seus investimentos. Segundo Malvezzi (1999), “ es- tamos diante do emprego ‘justi- in-time: quem trabalha não tem certeza das tarefas que enfrentará no momento seguinte’. (...) O trabalhador é chamado a realizar contínuos diagnósticos da situação e propor soluções, muito freqüen- temente novas, ainda não previstas nos manuais. Não se pode mais apenas seguir as regras, mas recriá- las a cada novo evento .”. Minha opinião é a de que, em função da alta demanda de aten- ção ao mundo externo e do tra- balho, outras esferas da vida são sumariamente negligenciadas. A energia, a atenção e a percepção para a mudança recaem sobre as atividades profissionais, mais facil- mente perceptíveis em gráficos de resultados, ganhos financeiros e acúmulo de bens materiais. Por outro lado, os possíveis ganhos com uma provável mudança ou os riscos envolvidos nessa mudança não são facilmente mensuráveis. Desta maneira, a fórmula para o continuísmo pessoal está, prati- camente, garantida. É em função do cenário acima apresentado que penso ser muito difícil acreditar na quantidade e na velocidade das mudanças anunciadas em tantas mídias, principalmente em relação à autonomia dos indivíduos; que fique bem claro. Mudar é possível sim, e necessário. Muitas já foram as conquistas, principalmente no ambiente profissional, mas não é difícil encontrar organizações com uma fachada de moder- nidade (aparente, performática), ES PM ma s que em sua essência encontra-se reinando o continuísmo dos modelos de gestão ultrapassados, que dificultam o crescimento e o desenvolvimento de indivíduos res- ponsáveis e agentes de mudanças na organização e, conseqüente- mente, na sociedade. Reafirmo que não se trata de tarefa fácil. Mas sem a percepção de si e do contexto aliado à capacidade de agir, coragem para correr algum risco e certa dose de persistência, a transformação muitas vezes desejada não passa de um sonho distante. Agora volte ao título deste artigo e finalize-o com o sinal gráfico que se aplica ao seu caso (?), (!), (...), (.).
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