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78 R E V I S T A D A E S P M – JANEIRO / FEVEREIRO DE 2008 Entrevista JR – Você fez o curso de Comuni- cação Social na ESPM. Qual era o seu objetivo? MARA – Quando comecei a fazer o curso, não tinha muito conheci- mento sobre o que eram propagan- da e marketing. Mas, rapidamente, apaixonei-me pela Escola, pelas aulas, embora não tivesse – como alguns colegas – o sonho de tra- balhar, especificamente, numa agência de propaganda. Queria simplesmente algum trabalho em que pudesse usar o que estava aprendendo. Eu comecei ainda na sede antiga, da Rui Barbosa; tranquei, morei uns tempos fora, e voltei para a faculdade nova. Aí eu terminei em 1992. JR – Depois de se formar você trabalhou em publicidade? MARA – Sim. Comecei a trabalhar com eventos e depois com mídia exterior e painéis eletrônicos de alta definição. JR – Quando foi o seu acidente? MARA – Foi em agosto de 1994 – e fiquei internada, entre Brasil e Estados Unidos, até 1995. Quando voltei para o Brasil, em 1995, passei praticamente um ano em função de mim mesma. Só para fazer as minhas necessidades básicas, fisioterapia, comer, tomar banho, já tinha chegado a hora de dormir... Quando eu tinha acaba- do de fazer tudo, também tinha acabado o dia. Aí fui aprendendo, aos poucos, a fazer tudo de forma mais rápida. Depois de um ano, comecei a questionar-me: se não iniciasse alguma atividade profis- sional, alguma outra coisa, eu ia ficar muito chata. Tinha-me for- mado em Psicologia, também. JR – Antes da ESPM? MARA – Junto com a ESPM. Quan- do voltei da Itália comecei a fazer psicologia. Mas acabei a ESPM antes, comecei a trabalhar, e só depois me formei em psicologia e sofri o acidente, na seqüência. Eu não tinha feito a residência clínica da psicologia, era bacharel, mas não podia clinicar e foi isso que eu achei que estava mais à mão, quando comecei a me questionar. Entrei em contato com a faculdade e, em poucas semanas, já estava na clínica da faculdade e comecei a atender. Foi o primeiro passo e foi maravilhoso, porque, de repente, tive de parar de ficar olhando para mim para ouvir as outras pessoas. Foi importantíssimo. JR – Você falou da importância que representava o seu corpo; não é extraordinário ter perdido boa parte das suas funções, para aumentar a percepção sobre o seu próprio corpo? MARA – E aumentou muito. Hoje, mesmo com as minhas responsabi- lidades profissionais, o meu corpo é o ator principal da minha vida. Tenho de dar-lhe atenção hora a hora, minuto a minuto, porque a comunicação do meu corpo com a minha mente mudou. É tudo “APAIXONEI-ME PELA ESCOLA, PELAS AULAS...”

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